Sindicalistas pedem intervenção do BNDES para reverter demissões em massa em frigorífico

13/09/2011 - 19h54

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - A Força Sindical pediu hoje (13) a intervenção do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no processo de demissão em massa de trabalhadores de frigoríficos do grupo JBS, maior produtor de carne do mundo. O banco detém 30,4% do capital total do JBS.

O presidente da Força Sindical, o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (PDT-SP), pediu ao presidente do BNDES, Luciano Coutinho, que exerça a responsabilidade social da instituição no caso. Segundo Paulinho, a demissão de 1,375 trabalhadores ligados à área da alimentação do frigorífico, em Presidente Epitácio (SP), não teve qualquer negociação prévia. “Foram mais de 1,3 mil empregos diretos perdidos de um dia para o outro. Isso vai quebrar a cidade, que tem 42 mil habitantes.”

De acordo com Paulinho, o presidente do BNDES prometeu procurar a direção da JBS o mais rápido possível para fazer com que se reúna com os sindicatos. A Força Sindical reivindicou que a empresa continue operando em Presidente Epitácio. “Parece que eles têm uma briga de Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS) com o estado de São Paulo, mas os trabalhadores não têm culpa.”

Somando as demissões feitas nas unidades do JBS em Lins (SP), Maringá (PR) e Alto Floresta (MT), chega a quase 5 mil o número de trabalhadores dispensados este ano. “O BNDES está financiando uma empresa para demitir trabalhador, com dinheiro do Fundo de Amparo do Trabalhador (FAT)”, disse o presidente da Força Sindical.

A situação da cidade está muito difícil, assinalou o prefeito de Presidente Epitácio, José Antônio Furlan. “A empresa encerrou as atividades de um dia para o outro em uma região que não tem outras opções de emprego”. Incluindo os empregos indiretos, passa de 2 mil o total de pessoas desempregadas no município, informou. “Vai provocar um caos social.” A cidade, acrescentou, não tem como absorver essa mão de obra. A informação recebida pelo prefeito é que parte das atividades do JBS estão sendo transferidas para Mato Grosso do Sul e para Andradina (SP).

Amanhã (14), os trabalhadores têm encontro marcado com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e a empresa. Paulinho espera conversar, ainda esta semana, com o grupo JBS, em reunião mediada pelo BNDES. No último dia 8, sindicalistas e trabalhadores da área da alimentação pararam, em protesto, a ponte que liga São Paulo a Mato Grosso do Sul, na Rodovia Raposo Tavares.

O presidente da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação (Fetiasp), Melquíades de Araújo, adiantou que os protestos não vão parar. “Estamos preparando uma nova manifestação. O que não pode é fazer o que eles estão fazendo”. Araújo considera que o BNDES tem grande responsabilidade no caso.

Para o presidente da Fetiasp, o banco não pode financiar uma empresa como a JBS para demitir, nem o frigorífico pode usar o dinheiro do BNDES para aumentar o seu patrimônio e esquecer o lado social. “A empresa tem que ter responsabilidade social”.

Edição: João Carlos Rodrigues