Famílias atingidas por eventos climáticos levam anos para reconstruir condições de vida, diz sociólogo

10/09/2011 - 18h17

Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil

Brasília - As famílias atingidas por intempéries climáticas no Brasil levam anos para restabelecerem as condições de vida, segundo o sociólogo e coordenador do 1º Seminário Nacional de Atingidos por Eventos Climáticos, Ivo Poleto. Quando ocorrem enchentes, ventanias e seca, é imediato o atendimento emergencial do governo e da sociedade para garantir os primeiros socorros, como comida e abrigo, mas “o grande problema é a reconstrução das condições de vida". Os recursos e os projetos para reconstruir as casas, que geralmente devem ser erguidas em outras localidades, demoram para sair, destacou Poleto.

Para a presidente da Associação dos Desabrigados e Atingidos da Região dos Baús (Adarb), em Santa Catariana, Tatiana Reichert, um dos problema está na falta de acompanhamento dos recursos federais destinados à reconstrução. Na opinião dela, o Ministério Público e a Controladoria-Geral da União deveriam ser “mais ativos nesse acompanhamento, para que os recursos cheguem à ponta”.

"Depois de quase três anos do desastre em Santa Catarina, que mobilizou o Brasil inteiro, ainda há pessoas sem casa e agricultores sem recursos do governo", disse Tatiana, referindo-se às enchentes que atingiram o estado em 2008. Tatiana também ressaltou que pouco é investido em prevenção no país.

Na avaliação de Poleto, não há uma única solução e de curto prazo para as mudanças climáticas que levam aos desastres naturais. “São mudanças que foram introduzidas no sistema da Terra por atividades desenvolvidas nos últimos 200 anos”, enfatizou. Para ele, é preciso reduzir o consumo de energia de fontes fósseis, como o petróleo, investir em melhoria no transporte público das cidades e rever a forma de cultivo da terra.

“Precisamos estabelecer uma relação mais carinhosa com a terra para produzir os alimentos. Tudo é máquina, produtos químicos e artificiais. Isso tem que ser modificado se não quisermos que a Terra canse da gente", disse Poleto.

Para discutir e propor soluções para esses problemas, cerca de 50 representantes de comunidades atingidas por intempéries climáticas participam do 1º Seminário Nacional de Atingidos por Eventos Climáticos Extremos, de hoje (10) até segunda-feira (12), em Brasília. A iniciativa é do Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Social, constituído por entidades da sociedade civil, movimentos sociais e pastorais sociais ligados à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Depois de trocar experiências, na próxima segunda os participantes vão elaborar um documento com propostas de políticas públicas de prevenção e de recuperação de regiões atingidas por problemas climáticos. O documento será entregue ao governo federal.

 

Edição: Andréa Quintiere