Ritmo de crescimento da economia diminui no segundo trimestre deste ano

02/09/2011 - 12h43

Vitor Abdala
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – A economia brasileira continuou crescendo no segundo trimestre deste ano, mas em ritmo menor do que nos trimestres anteriores, segundo dados divulgados hoje (2) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na comparação com o mesmo período do ano passado, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 3,1% no segundo trimestre deste ano, ou seja, a menor taxa desde o terceiro trimestre de 2009, quando houve uma queda de 1,8%.

No primeiro trimestre, o crescimento havia sido 4,2%, na comparação com igual período de 2010. Segundo a gerente da Coordenação de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, a desaceleração do ritmo da economia pode ser explicada por fatores como o aumento da taxa básica de juros (Selic) e o crescimento do volume das importações.

De acordo com o IBGE, as importações de bens e serviços cresceram 14,6% no segundo trimestre deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado, enquanto as exportações cresceram 6%. Já a taxa básica de juros efetiva passou de 9,4% ao ano no segundo trimestre de 2010 para 11,9% ao ano no segundo trimestre deste ano.

“O volume dos bens e produtos importados continua crescendo mais do que o dos exportados. Parcialmente, isso tem a ver com o câmbio. A gente teve o câmbio com média de R$1,60 [por dólar] nesse segundo trimestre, em relação ao R$1,79 do segundo trimestre do ano passado”, disse.

Segundo a pesquisadora, o aumento das importações supre o consumo das famílias (que vem crescendo há 31 trimestres consecutivos) e a demanda por máquinas e equipamentos, mas prejudica setores da indústria, como têxteis e calçados. A indústria cresceu apenas 1,7% no segundo trimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado (ante 2,2% do primeiro trimestre).

Entre as atividades da economia, o único segmento que teve desempenho melhor no segundo trimestre deste ano, em relação ao primeiro trimestre, foi o de serviços de informação. A expansão ficou em 5,5% em relação ao segundo trimestre de 2010, puxada pelo aumento do mercado de telefonia móvel.

A construção civil e o comércio, por exemplo, tiveram seus piores desempenhos desde o terceiro trimestre de 2009. No comércio, o crescimento de 4,9% foi a menor taxa desde a queda de 3,2% em 2009. Já o aumento de 2,1% da construção civil é o pior desempenho desde a redução de 8,3% naquele período. “Foi um recuo generalizado [entre os setores da economia]”, disse Rebeca Palis.

A agropecuária teve o pior desempenho entre os três setores da economia, ao ficar estável em relação ao segundo trimestre de 2010. No primeiro trimestre deste ano, o setor havia tido um crescimento de 3% em relação ao mesmo período do ano passado.

Já os serviços, menos afetados pelo câmbio, tiveram um comportamento diferente dos demais setores, ao registrar um aumento de 0,8% no segundo trimestre deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado. A taxa é superior ao 0,7% registrado no primeiro trimestre deste ano.

No que se refere à demanda, houve um crescimento menor no consumo das famílias, cuja taxa passou de 5,9% no primeiro trimestre para 5,5% no segundo trimestre, e na formação bruta de capital fixo (investimento planejado), cuja taxa passou de 8,8% para 5,9% no período. O consumo do governo, por outro lado, acelerou o ritmo de crescimento, ao passar de 2,1% para 2,5% no período.

Edição: Juliana Andrade