Indústria brasileira de embalagens deve crescer em ritmo menor este ano devido à crise econômica mundial

17/08/2011 - 16h59

Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – A indústria brasileira de embalagens deverá fechar o ano com expansão de 1% na produção, mesmo atingida pelo desaquecimento da economia mundial. O nível está abaixo da média alcançada nos últimos anos, que foi 2%, e bem inferior ao crescimento registrado no ano passado, de 10%.

De acordo com as projeções da Associação Brasileira de Embalagens (Abre), o faturamento pode alcançar R$ 45,6 bilhões, ficando acima do obtido em 2010 (R$ 41,1 bilhões). No primeiro semestre, foram produzidas 2,98% mais embalagens do que em igual período do ano passado e, nos últimos 12 meses, houve um aumento de 4,18%.

Na lista das indústrias com melhor resultado, estão a de embalagens de madeira, com alta de 15,83%, seguida pela de vidro (11,69%) e metal 4,38%.

Os dados são do levantamento Estudo Macroeconômico da Embalagem, apresentado hoje (17) pelo analista Salomão Quadros, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Na avaliação do economista , “o pior momento” a ser enfrentado pelos fabricantes nacionais deverá ser o que vai até setembro, tendo iniciado em julho, mas com uma pequena recuperação logo em seguida. O que está ocorrendo, segundo ele, é um processo de ajuste porque o ritmo de produção não acompanhou a demanda, deixando as empresas com os estoques elevados.

“Como a demanda não está dando sinal de que vai se recompor, a única maneira de reduzir estoques é diminuir a produção”, disse Quadros. Para ele, no entanto, essa deverá ser uma fase transitória. Ele lembrou que, no primeiro trimestre, a indústria de embalagens apresentou forte crescimento (5,01%) e, no segundo, houve queda expressiva no ritmo, com 0,98%.

O motivo para esse desempenho mais fraco foi a concorrência com os importados, principalmente, devido à entrada de produtos comprados da China, que chegam já embaladas. Com a economia internacional mais desaquecida, a tendência é os países venderem para mercados que continuam consumindo, mesmo que a ritmo mais lento, como é o caso do Brasil, avaliou o economista.

Quanto aos impactos dos entraves nas economias norte-americana e de alguns países da zona do euro, o economista acha prematuro fazer previsões porque, na opinião de Quadros, não existe ainda uma definição clara se haverá um prolongado período de baixo crescimento ou até de uma pequena recessão.

Para a diretora da Abre, Luciana Pellegrino, as importações inspiram atenção neste momento. “Nós esperávamos que 2011 fosse um ano de acomodação, depois de ter atingido, em 2010, uma alta, mas, com o cenário da crise macroeconômica mundial, a gente teve uma desaceleração e é preciso ficar atento porque as importações, que crescem entre 25% e 30% ao ano, acabam afetando o mercado local.”

Edição: Lana Cristina