Demissão de Jobim já era esperada no Congresso

04/08/2011 - 23h05

Mariana Jungmann e Iolando Lourenço
Repórteres da Agência Brasil

Brasília - A demissão do ministro da Defesa, Nelson Jobim, não causou surpresa entre a base aliada e a oposição no Congresso Nacional. Segundo o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PT-PE), Jobim “feriu” a autoridade da presidenta Dilma Rousseff com declarações recentes e sua saída já era prevista. Já o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), considerou boa a substituição de Jobim por Celso Amorim no Ministério da Defesa.

“Era um desfecho anunciado [a demissão de Jobim]”, disse Humberto Costa. “O ministro deu declarações que causaram constrangimentos à presidenta e à base parlamentar do governo. Em alguns momentos, chegou a ferir a autoridade de Dilma.”

O líder do governo na Câmara preferiu destacar a atuação de Jobim no Executivo e no Judiciário nos últimos anos. “Ele deu grandes contribuições ao país como ministro da Justiça [do governo Fernando Henrique], ministro do Supremo Tribunal Federal [STF] e ministro da Defesa dos governos dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff”, assinalou Vaccarezza.

Ainda de acordo com o petista, o PMDB não perde espaço no governo com a saída de Jobim. Isso porque, acrescentou, Jobim não era uma indicação do partido.

Os dois parlamentares também aprovaram a indicação de Amorim – ministro das Relações Exteriores no governo Lula – para substituir Jobim. Para Costa, Amorim não deverá ter problemas com as Forças Armadas. “Estamos vivendo tempos novos.” Vaccarezza, por sua vez, elogiou Dilma por ter agido com rapidez e escolhido um nome afinado com a linha geral do governo.”

A oposição considerou normal a saída de Jobim. “Não há possibilidade, em qualquer país desenvolvido, de haver no governo um ministro que não concorde com o projeto do qual ele faz parte”, observou o senador Randolfe Rodrigues (P-SOL-AP), ao se referir às recentes declarações de Jobim à imprensa.

O líder do Democratas, senador Demóstenes Torres (GO), lamentou a saída do ministro. De Goiânia, Demóstenes disse que Jobim “modernizou” o Ministério da Defesa. Já senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) atenuou as declarações feitas por Jobim sobre as ministras de Relações Institucionais, Ideli Salvatii, e da Casa Civil, Gleisi Hoffmann. Jobim classificou Ideli como “fraca” e disse que Gleisi desconhecia Brasília.

O ex-ministro “tem o direito de falar o que quiser”, avaliou Aloysio. “Tenho enorme admiração pelo ministro Jobim.” O líder tucano, senador Álvaro Dias (PSDB-PR), também saiu em defesa de Jobim. “Quem defende a Comissão da Verdade só pode falar a verdade.”

Edição: João Carlos Rodrigues