Crise internacional leva Bolsa de Valores de São Paulo a segundo dia consecutivo de baixa

04/08/2011 - 21h03

Daniel Mello
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – A perda de confiança, principalmente dos investidores internacionais, na avaliação de especialistas ouvidos pela Agência Brasil, foi o que fez a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechar em baixa pelo segundo dia consecutivo. A queda registrada hoje foi 5,72%, com 52.811 pontos. No ano, a baixa acumulada é 23,8%.

As dúvidas sobre o corte de gastos nos Estados Unidos e a crise na União Europeia influenciaram negativamente as bolsas de todo o mundo. Mas, no Brasil, alguns fatores agravaram o problema, segundo o professor de mercado financeiro da Trevisan Escola de Negócios Alcides Leite. “No Brasil foi mais intenso porque, somado a isso, há uma concentração grande de empresas do setor de commodities, que vêm perdendo preço internacional, principalmente petróleo e minérios”, ressaltou.

O professor de economia da Universidade de São Paulo, Keyler Carvalho Rocha, pondera, no entanto, que, apesar da crise internacional ter reflexos no Brasil, o efeito na Bolsa de Valores foi desproporcional. “Nada justifica uma queda tão violenta das ações na bolsa”.

Para Rocha, a redução no nível de negócios ocorre, principalmente, porque os investidores temem uma desvalorização rápida das ações. “A Bolsa sempre age emocionalmente”, disse. Mas, segundo o economista, a queda nos preços das ações não condiz com o desempenho das companhias brasileiras. “São empresas boas, notáveis, com bons dividendos”.

Alcides Leite, da Trevisan, destaca outro fator que considera importante no contexto de baixa das bolsas: o volume negociado nas bolsas brasileiras é fortemente influenciado pelo capital estrangeiro, que está mais próximo da crise. “Não é uma tradição no Brasil a população local investir em bolsa”. Para ele, o comércio de ações deverá passar a ter oscilações nos próximos meses, mas sem perspectiva de uma recuperação a curto prazo. “Nós vamos viver um período de uma pequena recuperação, depois outra queda e, assim, sucessivamente, ao longo dos próximos meses”, estima Leite.

Já Keyler avalia que países com profundos problemas econômicos, como a Grécia, levarão alguns anos para se recuperar e isso continuará tendo efeitos negativos, principalmente na zona do euro. Ele, porém, acredita que essa é uma situação propícia para se investir em ações brasileiras. “Há boas empresas com os preços muito rebaixados”, aponta.

Edição: Lana Cristina