Exposição mostra peças pouco conhecidas de Di Cavalcanti que integram coleção de amigo do pintor

27/07/2011 - 19h15

Paulo Virgilio
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – Obras pouco conhecidas de um dos mestres da pintura brasileira poderão ser vistas pelo público a partir de amanhã (28), na exposição Di Cavalcanti – do Desenhista ao Pintor, que será aberta hoje (27), às 19h, para convidados, no Centro Cultural Correios, no Rio de Janeiro.

Pintor que idealizou e organizou a Semana de Arte Moderna de 1922, o carioca Emiliano Di Cavalcanti (1897-1976), foi, antes de tudo, um desenhista. Nessa atividade, criou uma coleção de joias, a pedido do amigo e joalheiro Lucien Finkelstein.

Onze peças exclusivas – broches, pendentes e anéis – estarão expostas na mostra, juntamente com seus croquis originais. Complementando a exposição, há seis telas e 99 desenhos do artista. As obras pertencem à coleção de Finkelstein, falecido em 2008, e revelam a variedade de estilos, mas sempre com a temática brasileira que caracteriza o trabalho de Di Cavalcanti.

A parceria que resultou na criação das joias começou em 1964, mas a amizade entre o artista e Lucien Finkelstein teve início bem antes. Recém-chegado ao Brasil no pós-guerra, o jovem francês Lucien, então com apenas 16 anos, foi apresentado a Di Cavalcanti pelo dono de uma livraria francesa próxima ao Hotel Copacabana Palace.

“Meu pai sempre foi muito ligado às artes, mas, naquela época, não tinha condição financeira de adquirir obras”, conta Jacqueline Finkelstein, filha do colecionador e curadora da exposição, juntamente com Romaric Büel. “Depois que começou a trabalhar com joias, foi, aos poucos, trocando com o amigo as peças – que Di Cavalcanti dava de presente para suas musas – por desenhos”, conta.

Além das artes plásticas, os dois tinham em comum a paixão pela França e pela literatura. Na parceria artística, Di Cavalcanti criava os desenhos para a livre inspiração de Lucien, que os transformava em joias tridimensionais. Os dois trabalhavam juntos em todas as etapas do processo de criação, que resultou nas peças confeccionadas em ouro 18 quilates, assinadas uma a uma pela dupla.

Joalheiro por profissão e também criador do Museu Internacional de Arte Naïf (Mian), no Rio de Janeiro, Lucien Finkelstein conservou consigo algumas dessas joias, que formam a coleção agora exposta. A mostra fica aberta até 18 de setembro e pode ser visitada de terça a domingo, das 12h às 19h, gratuitamente.

Edição: Lana Cristina