Coppe quer tecnologias para o enfrentamento das mudanças climáticas com foco na população de menor renda

27/07/2011 - 20h58

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – Produzir tecnologias que permitam a adaptação do país às mudanças climáticas, direcionando as pesquisas à população mais pobre. Esse será o foco do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), afirmou hoje (27) o diretor de Tecnologia e Inovação do instituto, Segen Estefen, ao participar de seminário promovido pelo Centro China-Brasil de Mudança Climática e Tecnologias Inovadoras para a Energia.

“Nós entendemos que as mudanças climáticas, do ponto de vista científico, estão colocadas e têm de ser aprofundadas. Existe uma mudança climática em andamento e nós entendemos que o papel da Coppe é da engenharia: viabilizar a adaptação, porque ela vai ter de ser muito focada na população mais pobre. São os mais pobres que vão pagar a conta do aquecimento global, do aumento do nível dos oceanos, da desertificação, dos problemas alimentares que vão surgir”, disse.

Estefen lembrou que a China tem preocupações semelhantes, uma vez que grande parte da população chinesa tem poder aquisitivo muito baixo. Em reunião fechada realizada mais cedo, com pesquisadores dos dois países, discutiu-se como as instituições vão atuar em cooperação com o Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC), criado em 1988 pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e a Organização Mundial de Meteorologia.

Os pesquisadores pretendem, a partir dos diagnósticos e das recomendações, agir de forma mais conjugada, de modo a contribuir com os governos brasileiro e chinês na mitigação dos efeitos das mudanças climáticas.

O diretor da Coppe, Luiz Pinguelli Rosa, disse que o Brasil e a China têm realidades distintas, o que exige um enfrentamento diferenciado da situação. “O grande problema da China é o carvão mineral, que eles usam em grande quantidade, principalmente na geração elétrica e na indústria. No Brasil, o grande problema do efeito estufa é o desmatamento. São problemas bem diferentes. O que nós temos em comum é como conciliar a questão ambiental com a eliminação da pobreza, com a diminuição da desigualdade”.

Segundo Pinguelli, o mundo, tal como se encontra hoje, inviabiliza o futuro do planeta. “É preciso outro padrão de desenvolvimento”, destacou. O pesquisador defendeu a necessidade de as populações abrirem mão dos automóveis para obterem ganhos em termos de qualidade de vida. “Mas, para isso, os americanos também terão que fazer isso. Nesse ponto, o mundo é global. Com o efeito estufa, todos pagam o mesmo preço”.

Sobre a mitigação das mudanças climáticas, Pinguelli enfatizou que o mundo ainda está engatinhando. “Falta muito. O mundo não está resolvendo o problema da mitigação. Os compromissos de Quioto eram mínimos e, mesmo assim, não estão sendo cumpridos pelos países desenvolvidos”, disse, referindo-se ao Protocolo de Quioto, em que as nações comprometeram-se a reduzir as emissões dos gases causadores de efeito estufa.

Edição: Lana Cristina