Defesa Civil de São Paulo interdita 24 casas na área onde encosta de morro deslizou

07/07/2011 - 22h07

Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil

São Paulo - Vinte e quatro casas continuam interditadas pela Defesa Civil após um deslizamento de terra ocorrido hoje (7) no Morro dos Macacos, em Cidade Ademar, na zona sul de São Paulo. Uma grávida, de 17 anos de idade, e uma criança, de 3 anos de idade, morreram soterradas. Duas pessoas ficaram feridas. A prefeitura de São Paulo informou, por meio de nota, que dez moradias foram condenadas e deverão ser demolidas.

Um posto avançado da Secretaria Municipal de Habitação foi montado no local para o atendimento dos moradores da região. A Defesa Civil também permanece com equipes trabalhando na área do deslizamento. Trezentos colchões, cestas básicas, kits de higiene e cobertores foram levados à comunidade para distribuição por assistentes sociais do município. De acordo com a prefeitura, os agentes estão cadastrando os desabrigados.

Indignação e tristeza são as palavras mais usadas pelos moradores para definir a tragédia. “Ela [a mãe] conseguiu correr, mas não conseguiu pegar o nenezinho”, disse Madalena Jogiana, tia do garoto de 3 de anos de idade que morreu no deslizamento. Segundo ela, a mãe da criança estava na casa com quatro de seus cinco filhos, quando uma delas gritou avisando que estava ocorrendo um deslizamento de terra.

“Ela estava deitada, com dor de cabeça, e as crianças estavam na cozinha tomando café. A menina dela veio correndo avisar que a terra estava descendo. Quando levantou, e foi tentar pegar os outros dois que estavam na sala, não conseguiu”, disse. “A prefeitura falou que era para ela sair. Só que eles disseram que iam comprar uma casa, mas queriam dar somente R$ 25 mil, mas só conseguiu achar casa de R$ 30 mil e R$ 40 mil, e a prefeitura não aprovava”, completou. A mãe e três filhos escaparam, mas não conseguiram salvar o menor. Um filho adolescente ficou ferido com a queda da laje, mas foi socorrido ao Hospital Municipal de Diadema, e passa bem.

Outro personagem da tragédia, o mecânico Fernando de Jesus, antes de receber a confirmação da morte do filho no deslizamento, reclamou das obras de contenção que estavam sendo feitas no alto do morro pela Secretaria de Habitação de São Paulo. “Os responsáveis falavam que não tinha risco nenhum de desabamento. Inclusive chegamos a parar a obra lá em cima. Juntamos os moradores aqui e chegamos a parar a obra. O engenheiro e a prefeitura vieram, conversaram com a gente, e disseram que aqui não tinha perigo nenhum de desabar. Paramos as obras por sete dias”, declarou.

O vigilante Alessandro Souza Miranda foi outra vítima do acidente, mas conseguiu escapar do local e salvar a vida da cunhada, do filho e da esposa. “Olha minhas mãos como estão. Isso tudo fui eu abrindo o portão. Eu estava assistindo a [uma partida de] vôlei na televisão. Meu filho e minha cunhada estavam na internet. Minha esposa estava ao meu lado. De repente, escutamos um barulho. Quando cheguei para abrir o portão, ele não abria mais por causa do barro. Eu quebrei uma janela pelo fundo da casa, vim para a frente, consegui abrir o portão, e tirei meu filho, minha mulher e minha cunhada”, disse. “Minha indignação é que foi tudo planejado para não acontecer isso. Por irresponsabilidade do engenheiro e da prefeitura, aconteceu. Por que não fizeram o que a gente pediu? Remaneja todo mundo e depois retoma as obras”, completou.

 

Edição: Aécio Amado