Veículos públicos de comunicação colaboram para a diversidade da cobertura jornalística, dizem especialistas

01/07/2011 - 18h08

Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O jornalismo produzido por veículos públicos de comunicação tende a se diferenciar pela maior diversidade de pautas e de fontes de informação. Essa é uma das convergências de opinião verificada no Seminário Internacional de Mídias Públicas: Desafios e Oportunidades para o Século 21, promovido pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC) e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em Brasília.

A alemã Bettina Peters, diretora do Fórum Global para o Desenvolvimento da Mídia, avalia que os veículos comerciais estão focados em coberturas que garantem mais audiência e vendagem. “O mercado não é perfeito, não traz todas as visões”, avalia. Ela defende que a mídia pública tenha “comprometimento político com a independência editorial”. Bettina, no entanto, não faz distinção da atividade de reportagem dos dois tipos de veículos. “Bom jornalismo é bom jornalismo”.

A mesma opinião tem o ex-ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, o jornalista Franklin Martins. “Comunicação é um espaço público, eventualmente mediado por interesses privados”, disse, em mensagem de vídeo gravada para o seminário. Para Martins, os veículos públicos têm responsabilidades como “falar sobre todas as regiões e todos os estados”.

Segundo o ex-ministro, o jornalismo dos veículos públicos “tem que ser independente dos grupos econômicos, dos governos, dos lobbies e dos acionistas. Tem que ser dependente dos fatos”, destacou. Para ele, a mídia pública favorece “o debate público qualificado”.

O jornalista Carlos Eduardo Lins da Silva, editor da revista Política Externa, lembrou ainda que tanto o jornalismo feito nas empresas comerciais como o jornalismo dos veículos públicos têm “as mesmas regras éticas e necessidades”, mas o jornalismo das mídias públicas pode “descer mais fundo” ao buscar enfoques diferentes.

Lins da Silva defende que os veículos públicos de comunicação façam avaliações da qualidade de seu jornalismo por meio de análise de conteúdo, usando indicadores como fontes ouvidas, diversidade de opiniões publicadas; e de avaliação da repercussão. “Todas as vezes que um governante se irrita com um jornalista, alguma coisa boa ele está fazendo”, disse. Ele enfatizou que as empresas públicas também devem monitorar a satisfação da audiência.

Edição: Lana Cristina