Rio da Paz cobra investigação sobre participação de PMs em casos de pessoas desaparecidas

29/06/2011 - 16h47

Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro- Máscaras brancas, representando rostos de pessoas desaparecidas, foram usadas pela organização não governamental (ONG) Rio de Paz para protestar contra o desaparecimento de Juan, de 11 anos, e para lembrar dos 22.533 desparecidos no estado entre 2007 e 2011. Juan sumiu após um confronto entre a Polícia Militar e um suposto traficante.

Nas escadarias da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), a ONG estendeu faixas pedindo investigação rigorosa sobre o caso do menino. No último dia 20, ele foi foi baleado junto com o irmão, Wesley, de 14 anos, na Favela Danon, em Nova Iguaçu (Baixada Fluminense). O mais velho voltou para casa para pedir socorro, mas quando voltou com a mãe, não encontrou mais o corpo do irmão.

De acordo com o presidente da Rio de Paz, Antônio Carlos da Costa, os principais suspeitos do desaparecimento de Juan são os policiais militares que participaram do confronto. Eles foram afastados e respondem à sindicância interna. A Polícia Civil tomou depoimentos dos militares e aguarda os laudos das perícias no local do confronto e no carro usado pelos PMs para seguir a investigação.

Policiais militares também são suspeitos de envolvimento no caso do desaparecimento, há três anos, da engenheira Patrícia Amieiro, de 24 anos. O pai, Antônio de Celso Franco, que também participou do protesto, disse que a investigação constatou que o carro da filha foi atingido por três tiros antes de mergulhar em canal na Barra da Tijuca. O corpo não foi encontrado. "Foi um suposto acidente. Eles [os policiais] esconderam um monte de coisas no inquérito, mas que a perícia conseguiu provar. Esconderam que deram tiros no carro, mudaram o veículo de lugar, retiraram o banco, várias coisas", disse Franco.

A Rio de Paz alerta que o aumento dos casos de desaparecimentos pode estar ligado a homicídios dolosos. O presidente da ONG lembrou que grupos criminosos, como os ligados ao tráfico e às milícias, utilizam práticas "sórdidas", como queimar as vítimas ainda vivas em fogueiras alimentadas por pneus, conhecidas como "micro-ondas".

"Sabemos que há inúmeros cemitérios clandestinos, temos informações de corpos lançados na Baía de Guanabara, de incineração de pessoas vivas no chamado 'micro-ondas' ou devoradas por animais, como jacarés", disse Carlos da Costa. Ele denunciou ainda que o número de pessoas desaparecidas no estado do Rio nos últimos quatro anos já supera o de ativistas desaparecidos durante todo o período da ditadura militar, entre 1964 e 1985.

Edição: Vinicius Doria