Oposicionistas dizem que Palocci saiu tarde e que blindagem não funcionou

07/06/2011 - 20h32

Mariana Jungmann
Repórter da Agência Brasil

Brasília - A saída do ministro Antonio Palocci, da Casa Civil, foi tardia e fruto de uma blindagem malfeita. É a opinião de senadores de oposição, ouvidos pela Agência Brasil, que acreditam que o receio da instalação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigá-lo pudesse contaminar ainda mais o governo da presidenta Dilma Rousseff.

“Palocci caiu pelos seus próprios erros e por uma blindagem malfeita do procurador-geral da República. É possível perceber que houve uma sequência em que ele falou para a televisão primeiro, recebeu o parecer favorável do PGR e, em seguida, pediu demissão alegando ser inocente”, afirmou o líder do DEM no Senado, Demóstenes Torres (DEM-GO).

Na opinião do líder, a decisão de Palocci foi tardia e podia ter sido tomada na semana passada, antes que senadores da base aliada assinassem o pedido de CPI para investigá-lo. Ele avalia ainda que o requerimento para a investigação pode perder apoio, mas deverá ser mantido pelos oposicionistas na pauta do Congresso.

“Nós vamos insistir. Mas, alguns governistas assinaram avisando que se ele caísse retirariam o pedido. Então, pode ser que nós não tenhamos número”, afirmou o senador.

Para o senador Aécio Neves (PSDB-MG), o governo deve tirar “ensinamentos” da queda de Palocci sobre a relação com o Congresso Nacional. “O primeiro ensinamento é que a oposição é tão importante na democracia quanto a situação, e deve ser respeitada”, afirmou o senador.

Pra ele, o caso ainda não está encerrado. Neves acredita que a Procuradoria-Geral do Distrito Federal irá apurar as denúncias de tráfico de influência e enriquecimento ilícito envolvendo o ex-ministro. Após essa apuração, o oposicionista aposta que o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, irá abrir um procedimento contra Palocci. “Do ponto de vista político, certamente há um encerramento. Mas do ponto de vista jurídico, não”, afirmou Aécio Neves.

 

Edição: Aécio Amado