Empresários querem Temer na negociação do fim do embargo russo à carne brasileira

06/06/2011 - 21h07

Danilo Macedo
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Depois de mais de duas horas reunidos no Ministério da Agricultura com o ministro Wagner Rossi, empresários pediram a participação direta do vice-presidente da República, Michel Temer, nas negociações com o primeiro-ministro da Rússia, Vladimir Putin, para tentar reverter o embargo a 89 frigoríficos brasileiros, anunciado na semana passada. Há 20 dias, eles estiveram juntos em Moscou, quando parte da delegação definiu prazos e metas para cumprir as exigências russas em relação à carne brasileira.

“É preciso haver uma ação forte do governo para resolver a situação. Vamos pedir respeito aos prazos para analisar o que o Brasil se comprometeu a fazer”, afirmou o presidente da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frangos, Francisco Turra. Ele disse que o caso mais grave é do setor de suínos, que tem cerca de 40% de suas exportações direcionadas ao mercado russo, mas, no caso da avicultura, a imagem também preocupa.

“Esperamos que o ministério esclareça as dúvidas da forma mais cabal para que  não atrapalhe [as vendas] em outros mercados. Mesmo vendendo só 4% das nossas exportações para a Rússia, o problema é a imagem. Por isso, estamos dispostos a sofrer uma auditoria”, disse Turra.

Segundo Wagner Rossi, o ministério fará uma auditoria em todas as plantas embargadas e atuará em várias frentes. “Vamos fazer uma agenda e a cumpriremos religiosamente. O governo precisa melhorar alguns aspectos laboratoriais e o setor privado precisa ser rigoroso com o controle de qualidade. Do lado da diplomacia, serão tomados os passos adequados para que haja uma reversão desta relação, no momento estressada, com a Rússia.”

Apesar de adotar um discurso de que “o cliente tem sempre razão”, Rossi reforçou que a atitude russa “não é correta do ponto de vista das relações internacionais”. Quando Temer liderou uma delegação na Rússia, houve o compromisso de inspecionar em um mês todas as plantas que exportavam para aquele país. Em 15 dias, no entanto, a autoridade sanitária russa anunciou o embargo aos frigoríficos, causando, segundo o governo e empresários brasileiros, “surpresa e estranheza”.

O ministro anunciou que, dentro de duas semanas, missão oficial brasileira irá à Rússia para retomar as negociações e tentar reverter o embargo.
 
De acordo com Turra, o consenso entre os empresários, mesmo sem provas reais, é que a posição tem relação com as “barganhas” feitas pela Rússia no pleito para entrar na Organização Mundial do Comércio (OMC). “Não tem nenhuma razão para uma medida tão brutal e inédita assim. Tivemos outras visitas para vistoriar nossos frigoríficos este ano, incluindo da União Europeia, e não tivemos nenhum problema”, disse ele.

Edição: Nádia Franco