FMI deve agir para impedir volatilidade da taxa de câmbio, diz ministra da Economia da França

30/05/2011 - 20h03

Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O Fundo Monetário Internacional (FMI) deve agir de forma coordenada para que a taxa de câmbio não se comporte de forma volátil e seja pelo menos previsível, disse hoje (30) a ministra da Economia da França, Christine Lagarde, e candidata a assumir o comando da instituição internacional. Em entrevista coletiva após se encontrar com o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, ela disse ser difícil chegar a uma conclusão geral sobre o assunto.

Christine ressaltou que a desvalorização do dólar afeta os países de forma diferente, em alguns casos favorecendo as contas externas e, em outros, prejudicando. “O papel do câmbio depende da situação do país. Se o país for exportador líquido, certamente o câmbio [dólar barato] poderá ser um problema. Se é importador líquido, o câmbio previne o risco de [ser afetado por] desvalorizações da moeda.”

Na avaliação da ministra, o problema se repete com o euro, cujo valor tem subido para compensar a queda do dólar. “Na zona do euro, os países são importadores líquidos de petróleo e a valorização do euro é interessante. Por outro lado, para os países [europeus] exportadores de produtos manufaturados com base de custo na zona do euro, a moeda mais cara é desvantagem.”

Sobre o papel do FMI em relação ao assunto, a candidata disse apenas que o fundo deve agir de forma coordenada para conter a queda do dólar e impedir a volatilidade da taxa de câmbio.

Em relação aos encontros que teve com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, com o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, e com o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, Christine negou que as autoridades brasileiras tenham prometido apoio. “Vim apenas para me apresentar como candidata e deixar claro quais são meus valores.”

Segundo ela, a proposta de Mantega de que o novo diretor-gerente exerça apenas um mandato-tampão até o fim de 2012, quando acabaria o mandato do antecessor, não foi discutida.

De acordo com a ministra, a maior preocupação das autoridades brasileiras foi em relação à continuidade das reformas no fundo. Christine disse ter assegurado que prosseguirá com a ampliação dos direitos de votos dos países emergentes, o aumento das cotas das nações em desenvolvimento e prometeu conceder assentos nas vice-diretorias a economistas desses países. “O fundo não pertence a nenhum grupo de países, mas à integralidade dos seus 187 membros. É necessário continuar o processo de reforma iniciado nos últimos anos.”

A candidata disse ainda que concorda com Mantega quanto à necessidade de a sucessão ser baseada na capacidade técnica, em vez de levar em conta apenas o país de origem dos candidatos. “Compartilhamos uma série de princípios, como o de que o processo de seleção deve ser aberto, transparente e baseado no mérito.”

De Brasília, a ministra francesa segue para a China, Índia e o Oriente Médio na tentativa de conseguir apoio de países emergentes para sua candidatura. Apoiada pelos países europeus, ela concorre ao cargo de diretora-gerente do FMI após a renúncia de Dominique Strauss-Kahn, que deixou o posto para se dedicar à defesa em relação a acusações de abuso sexual nos Estados Unidos.

Edição: João Carlos Rodrigues