ONGs promovem ações educativas para a importância do diagnóstico da hepatite C

19/05/2011 - 19h08

Elaine Patrícia Cruz
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – Com objetivo de alertar a população sobre a necessidade de fazer exames para saber se tem hepatite C, organizações não governamentais (ONG) estão promovendo em todo estado de São Paulo, esta semana, ações que conscientizem as pessoas sobre o perigo da doença.

Hoje (19), as ações tiveram como alvo os moradores da cidade de Cotia, na região metropolitana. Pela manhã, a ONG Unidos Venceremos promoveu a distribuição de folhetos informativos que orientam sobre a importância dos exames para o diagnóstico precoce da hepatite. Segundo a presidente da organização, Micheline Woolf, a hepatite C é uma doença silenciosa, o que faz com que muitas pessoas desconheçam que estão infectadas.

“É importante fazer o exame porque a hepatite C não é como as outras hepatites. Ela não tem sintoma, a pessoa não fica amarela e não tem náusea. Só se descobre que tem hepatite C por meio de exame de sangue específico”, disse.

Diagnosticada a hepatite, com a confirmação também feita por outros exames pedidos pelo médico, pode-se fazer um tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “As chances de cura são de 50% a 60%”, afirmou Micheline Woolf, que teve diagnosticada a hepatite C em 1994, quando foi fazer uma doação de sangue para um amigo que estava com câncer. “Fiz tratamento e me curei em 2003”, disse à Agência Brasil.

A médica Mariliza Henrique da Silva, diretora do Ambulatório de Hepatites do Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids de São Paulo, alerta que há cinco tipos de hepatite: A, B, C, Delta e E. “Os vírus da hepatite A e E são transmitidos por via oral, ou seja, principalmente por meio de alimentos e água contaminada.

As hepatites B e C são transmitidas principalmente pelo sangue contaminado, por meio de uma relação sexual desprotegida, pela gestação ou durante o parto. A contaminação também pode ocorrer pelo compartilhamento de materiais como seringas, agulhas, cachimbo, escova de dente, navalhas, barbeadores, entre outros. Já a hepatite Delta é contraída por pessoas que têm o tipo B da doença. “A hepatite é uma inflamação do fígado que compromete o funcionamento normal do órgão. Pode ser causada por vírus, bactérias, álcool, drogas e alguns medicamentos”, explicou a médica.

Segundo Mariliza Henrique, o número de casos de hepatite viral registrados no Ambulatório do Centro de Referência aumentou 56,9% em cinco anos. Em 2004, quando o centro entrou em funcionamento, foram registrados 388 casos. Em 2009, o número chegou a 609 casos. No total, de acordo com a médica, o centro registrou 4.164 casos de hepatites virais, sendo 68,5% em homens.

O aumento do número de casos registrado, de acordo com a médica, deu-se justamente por causa do diagnóstico da doença. “Quando se começa a educar a população para garantir a orientação, e se aumenta a oferta de testagem para o diagnóstico, acaba aumentando o número de casos”, disse.

Micheline Woolf disse que, no Brasil, não se sabe exatamente o número de pessoas infectadas por hepatite C, mas que a Organização Mundial da Saúde (OMS) tem uma estimativa. “A OMS calcula que de 3 milhões a 5 milhões de brasileiros estejam infectados”. Ela também ressaltou que “uma em cada 12 pessoas no mundo tem hepatite C e não sabe”.

Pessoas que tenham dúvidas sobre a doença podem entrar em contato com o Disque DST/Aids 0800-162550 ou com a ONG http://www.unidosvenceremos.com.br/.

 

Edição: Aécio Amado