Para presidente da BR, diminuição do preço da gasolina está relacionada à retomada da produção de etanol

18/05/2011 - 21h08

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - A diminuição do preço da gasolina, observada nos últimos dias, não resultou de determinação do governo, disse hoje hoje (18) o presidente da BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras, José Lima de Andrade Neto, após participar do 23º Fórum Nacional, promovido pelo Instituto Nacional de Altos Estudos (Inae), no Rio de Janeiro. Ela foi resultado, segundo ele, da retomada de produção do etanol, a partir de meados de abril.

A safra terminou em dezembro do ano passado, provocando elevação dos preços do etanol, “tanto o etanol hidratado, que é usado diretamente, quanto o anidro, que é misturado 25% com a gasolina”. No Brasil, existem dois tipos de gasolina: a A, que é vendida nas refinarias da Petrobras, e a C, que recebe a adição de 25% de álcool anidro. “A gasolina C caiu porque os preços do etanol começaram a descer”.

No ano passado, o preço do etanol atingiu R$ 0,80 e no auge da crise do produto, chegou a R$ 2,80. Lima Neto explicou que um aumento de R$ 2 no preço do etanol eleva em R$ 0,50 o preço da gasolina C, que é vendida ao consumidor e tem na sua composição 25% de etanol. Hoje, Lima Neto disse que já existe etanol sendo negociado a R$ 1,25 ou R$ 1,30. Para ele, o que houve foi que “o preço subiu porque subiu o álcool anidro. E o preço desceu porque desceu o álcool anidro”.

A diminuição média repassada pela BR a seus revendedores, e já divulgada anteriormente pela empresa, foi de 6% do preço da gasolina e de 13% do preço do álcool.

A tendência, prevê, é que os preços do etanol continuem caindo, com a entrada da nova safra. Lima Neto admitiu que nesse cenário, a BR poderá vir a fazer alguma nova redução nos preços para revenda. “Provavelmente vão acontecer novas quedas porque a tendência é, com a entrada da safra, os preços do etanol continuarem caindo”.

A reação da BR é resultado do preço do insumo comprado pela companhia, frisou. “É preciso ver o que está acontecendo com o etanol, para saber o que eu vou fazer. Pode ser que a queda dele faça com que a gente tome essa decisão mais adiante, tanto para a gasolina quanto para o álcool. Porque, na gasolina C tem álcool lá dentro”, afirmou.

Antes desse processo, as vendas da BR entre novembro e dezembro do ano passado eram divididas em torno de 75% de gasolina e 25% de etanol. No auge da alta do etanol, no fim de abril, ele informou que as vendas de gasolina chegaram a atingir 93%, contra 7% de etanol. Na atual fase de transição, a participação do etanol nas vendas da BR já começou a subir, disse Lima Neto. “E o etanol passou a ter um preço bem mais competitivo”. A tendência é voltar à normalidade, afirmou.

O presidente da BR prevê a continuidade do processo de diminuição dos preços do etanol, observado no momento. “Não sei para que patamar ele vai voltar, mas há uma expectativa de que continue caindo o preço”, disse, e lembrou que no ano passado, o etanol ficou abaixo de R$ 1 o litro.

Lima Neto admitiu que a demanda crescente é outra variável que tem de ser considerada nessa equação. A frota de automóveis flex vem crescendo no Brasil, “Por outro lado, a frota antiga, que era cativa da gasolina, está sendo alienada, de tal modo que cada vez mais, proporcionalmente, você vai ter na frota brasileira mais carros flex”. O problema, apontou, é que a produção de etanol foi menor do que a demanda apresentada.

 

Edição: Aécio Amado