Mudanças em Cuba vão permitir entrada da iniciativa privada e alterações no sistema social, diz Garcia

20/04/2011 - 17h08

Renata Giraldi e Yara Aquino
Repórteres da Agência Brasil

Brasília – O assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, afirmou hoje (20) que a série de alterações estruturais na política e economia, anunciada pelo governo do presidente de Cuba, Raúl Castro, são “mudanças complexas” e necessárias.

Garcia lembrou que as medidas, que incluem mais espaço para investimentos particulares e a redução de mandatos para cargos públicos, vão proporcionar a abertura para a iniciativa privada e promover alterações no sistema social do país.

“Todos sabem que serão mudanças complexas porque [tudo isso] significa transitar de uma economia fortemente centralizada para uma economia na qual a iniciativa privada terá um certo papel. Isso vai significar mudanças sociais”, afirmou Garcia, ao participar da cerimônia de formatura de 109 diplomatas, no Itamaraty.

Sob embargo econômico, financeiro e comercial, imposto pelos Estados Unidos há 49 anos, Cuba sofre com uma série de restrições, que limita a compra e os investimentos externos. Garcia lembrou que, sem as novas medidas, a economia interna cubana não tinha mais condições de se manter. Ele, no entanto, não arriscou afirmar se há sinalizações para o fim das sanções norte-americanas aos cubanos.

“[O conjunto de mudanças responde a] uma imposição interna da economia. A economia não podia funcionar mais do jeito que estava funcionando. Eles se deram conta disso, ainda que tardiamente”, disse. “O problema do embargo é muito mais um problema de política interna dos Estados Unidos do que um problema de política mundial. Cuba está se preparando para a normalização das relações com os Estados Unidos.”

Ontem (19), o presidente cubano, após reunião do Partido Comunista de Cuba, anunciou as medidas que vão modificar o sistema atual do país. No campo político, os mandatos serão reduzidos a apenas dois consecutivos e serão de no, máximo, cinco anos cada. Também há indicações de que mulheres e jovens terão mais espaço nos principais cargos públicos. Garcia comemorou as medidas.

Edição: Lana Cristina