Indústria e comércio de Teresópolis se recuperaram rapidamente, mas zona rural ainda tem problemas

12/04/2011 - 17h19

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - O presidente da Associação Comercial, Industrial e Agrícola do município de Teresópolis (Aciat), Henrique Carregal, informou à Agência Brasil que a recuperação do comércio e da indústria do município foi muito rápida, após a enxurrada que devastou boa parte da região serrana fluminense em janeiro deste ano. “Nós acreditamos que o nosso comércio está com uma capacidade na faixa de 75% do que era antes do problema, o que mostra que a nossa economia, no que tange ao comércio, é muito forte”.

Do mesmo modo, a indústria conseguiu atingir uma recuperação quase total. O grande problema do setor diz respeito à logística da mão de obra. “Pessoas que conseguiram aluguel social e outros tipos de renda não voltaram para as fábricas”. Carregal explicou, porém, que, como a indústria trabalha para o mercado externo, o movimento está praticamente normal.

A área que mais preocupa a Aciat é a agrícola, que apresenta maior atraso na recuperação. A zona rural foi a mais devastada pela enxurrada. A agricultura de Teresópolis e dos municípios do entorno respondia por 87% do fornecimento de hortaliças para o estado do Rio de Janeiro. Hoje, a produção é apenas 30% do que era antes. “A devastação foi imensa”.

As propriedades sofreram com o acúmulo de areia sobre as terras férteis e com as pontes que caíram e isolaram muitos produtores, que ficaram ser ter como escoar a produção.

Em parceria com o Rotary Club, a Aciat desenvolveu um projeto e está oferecendo, em comodato, bombas de irrigação para os pequenos agricultores de Teresópolis. Alguns tratores também colaboram com a recuperação do setor. Carregal disse que levará muito tempo para que a terra volte a ser produtiva. “Hoje, o nosso gargalo é a questão da agricultura”.

A maior parte da produção vem da agricultura familiar. Logo após a tragédia, muitos desses pequenos produtores rurais, que tiveram suas terras devastadas pela enchente, se tornaram meeiros (que arrendam terras pagando o aluguel com metade da produção) de quem não teve as terras atingidas pelas enxurradas. “Arranjaram uma forma de aumentar a produção das áreas que sobraram. Isso dá uma força na estrutura financeira da cidade”.

O presidente da Aciat destacou que uma grande ajuda recebida pelo comércio foi a disponibilização das verbas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Lamentou, contudo, que nem todos os proprietários puderam acessar as linhas de crédito. “A maioria dos agricultores não está legalizada, com estrutura fundiária, e não tem como pegar emprestada uma verba do BNDES ou de outros programas”.

Edição: Vinicius Doria