Ex-colega de atirador de Realengo diz que Wellington “vivia no mundo dele”

09/04/2011 - 18h03

Vitor Abdala
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - O atirador Wellington de Oliveira, que matou 12 crianças na última quinta-feira (7) na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, era um adolescente tranquilo e calado, que praticava esportes, jogava bem videogames e se vestia de uma forma diferente. A descrição é do ex-colega Everton José Ribeiro, de 23 anos.

Everton estudou com Wellington durante três anos, da 6ª série até a 8ª série do Ensino Fundamental, e lembra que o atirador era uma pessoa tranquila. "Ele era na dele. Não chamava ninguém para conversar, mas se você sentasse do lado ele conversava normal. Jogava bola com a gente, jogava handebol, praticava esporte. Depois que saía da atividade física, voltava para o lugar dele. Sentava, botava o walkman. Ele nem aparentava ser maluco. Ele aparentava só viver no mundo dele. Ninguém suspeitava que ele tivesse algum tipo de problema”, contou.

Everton diz que já frequentou a casa de Wellington e que o atirador era um bom jogador de videogame. O ex-colega lembra também que o assassino se vestia de forma diferente quando estudava na Escola Tasso da Silveira e que, por isso, era alvo da brincadeira de outros alunos.

“Ele tinha aquele jeito nerd de se arrumar. Usava meião até a canela, tênis Kichute, bermuda em cima do umbigo, óculos e pastinha do lado. Era assim que ele andava. E andava curvado, como uma pessoa que vivia só no mundo dele."

Segundo Everton, Wellington às vezes não ligava para as brincadeiras dos colegas e até ria de si mesmo. No entanto, ficava nervoso quando os xingamentos envolviam sua mãe. “Ele ria quando era zoado. Quando a gente zoava outros colegas ele ria. Mas tinha brincadeiras que ele não gostava. Tinham xingamentos que ele não gostava. Por exemplo, ele odiava quando xingavam a mãe dele. Não podia falar da mãe porque ele ficava extremamente nervoso."

Em relação às garotas, Everton disse que era muito difícil ver Wellington conversando com qualquer menina e que o atirador era também alvo de brincadeiras por parte delas. “As garotas zoavam pelo jeito dele se vestir. Diziam que ele era feio, mas ele nunca falou que tinha raiva de garotas."

Na última vez que encontrou o ex-colega, em 2007, em outra escola, Everton ficou surpreso quando Wellington disse que tinha repetido duas vezes no Ensino Médio. “Eu achei até impossível porque ele só tirava notas altas. Já achei meio estranho. Ele falou que estava passando por problemas. Ele disse que queria fazer um concurso para tentar ser militar ou alguma coisa nesse sentido."

Um ex-vizinho de Wellington, que não quis se identificar, diz que também frequentou a casa do atirador em Realengo porque era amigo de um irmão dele. Contou que Wellington era calado, andava cabisbaixo e poucas vezes aceitava jogar bola na rua. “Quando ele jogava, ficava só no gol."

Edição: Andréa Quintiere