Economistas elogiam pragmatismo de Dilma

07/04/2011 - 19h43

Vinicius Konchinski
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – A forma discreta e prática com que a presidenta da República, Dilma Rousseff, dirige o país tem agradado economistas. Cinco deles, que participaram hoje (7) de um debate na sede da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio), avaliaram de forma positiva o começo do governo e apontaram avanços alcançados nos primeiros dias da nova gestão. “Eu dou nota 9,9”, resumiu o ex-ministro da Fazenda Delfim Netto, um dos debatedores do evento.

O diretor da Escola de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV), Yoshiaki Nakano, disse estar satisfeito com o desempenho de Dilma. “A impressão geral é muito melhor que a esperada”, afirmou ele. “O governo é técnico e menos ideológico do que poderíamos esperar do PT”.

Segundo Nakano, essa postura técnica do governo Dilma ficou clara nos primeiros dias de seu mandato. Ele lembrou das negociações para definição do salário mínimo e disse que elas representaram uma “ruptura” na relação política entre o Executivo e o Legislativo.

“O governo sempre usou o Congresso como balcão de negócios”, afirmou ele. “No caso do salário mínimo, houve uma mudança. Havia um acordo, que estabelecia uma regra. A regra foi seguida pelo governo e foi aprovada. Isso foi o que mais chamou a minha atenção”.

Segundo Octavio de Barros, economista chefe do Bradesco, o governo terá o desafio da inflação. Barros disse que a alta de preços no Brasil, principalmente dos serviços, é uma ameaça à estabilidade econômica e pode comprometer o ciclo de crescimento do país. Para ele, a necessidade de ajustes urgentes nos gastos do governo é outro grande desafio que Dilma terá que enfrentar de forma mais efetiva.

Se isso for feito, Barros acredita que o Brasil entrará em um ciclo de trinta anos de crescimento, podendo se firmar como uma das maiores economias mundiais. “Estamos diante de um país de um potencial de crescimento exuberante nos próximos anos”.

O presidente do Conselho de Relações Institucionais da Fecomercio, o ex-deputado federal Paulo Delgado, elogiou a mudança na forma de governar implantada por Dilma. Destacou ainda os impactos dessa postura nas relações internacionais do país. “O Brasil voltou à tradição antiga do Itamaraty, de posições independentes e de defesa dos direitos humanos”.

Delgado também disse que a forma de governar direcionada a resultados fortaleceu os outros Poderes do país. Nos seus primeiros dias de governo, Dilma reforçou o Judiciário, por exemplo, nomeando Luiz Fux para o Supremo Tribunal Federal.

O presidente do Conselho de Planejamento Estratégico da Fecomercio, Paulo Rabello de Castro, também afirmou que o início do governo Dilma é bom. Porém, ressaltou que os grandes problemas do país ainda não foram tratados pela presidenta. “O governo vai bem, mas ainda não mostrou a que veio. Não demonstrou a ousadia necessária para resolver as grandes questões”, afirmou. Uma dessas grandes questões, disse de Castro, é a reforma tributária.

 

Edição: Rivadavia Severo