Acordo de combate às drogas entre Brasil e Bolívia prevê participação dos Estados Unidos

28/03/2011 - 16h54

Alex Rodrigues
Repórter Agência Brasil

Brasília - Um acordo de cooperação a ser assinado por Brasil e Bolívia até quarta-feira (30) prevê a participação dos Estados Unidos no combate ao tráfico de drogas e ao crime organizado nos dois países sul-americanos. Segundo a Agência Boliviana de Informação, caberá ao governo brasileiro oferecer treinamento, capacitação e equipamentos às forças policiais bolivianas, mas a atuação conjunta servirá apenas para erradicar a produção de coca considerada excedente.

No país vizinho, a folha da coca, além de bastante consumida na forma de chá ou mastigada in natura, é vista como uma planta medicinal e um patrimônio cultural.

A previsão inicial era a de que o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, viajasse hoje (28) de manhã para La Paz, mas, segundo a assessoria do ministério, compromissos ministeriais retardaram a partida, remarcada para a madrugada de amanhã (29). Na capital boliviana, o ministro se reunirá com o ministro de Governo do país andino, Sacha Llorenti.

Além do projeto piloto antidrogas envolvendo Brasil, Bolívia e Estados Unidos, Cardozo e Llorenti assinarão também um acordo de cooperação jurídica e um termo estratégico de cooperação policial.

A visita do ministro da Justiça brasileira ocorre três dias após o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, encerrar a primeira visita oficial da diplomacia brasileira à Bolívia após a posse da presidenta Dilma Rousseff. A provável participação dos Estados Unidos no acordo ocorre dois anos após o governo boliviano ter expulsado a Agência de Combate às Drogas (DEA, na sigla em inglês) do país, alegando que os agentes norte-americanos teriam participado de uma conspiração contra o governo do presidente Evo Morales.

Ontem (27), o vice-ministro da Defesa Social, Felipe Cáceres, informou à Agência Boliviana de Informação que uma comissão composta por especialistas brasileiros e bolivianos se reune a partir de hoje (28) para definir os termos do convênio bilateral de combate ao narcotráfico nos cerca de 3,4 mil quilômetros de fronteiras.

Segundo Cáceres, Brasil e Bolívia atuarão de forma integrada nas áreas de informação policial, operações conjuntas, tarefas de inteligência e investigação e controle migratório, entre outros. Para o vice-ministro boliviano, o fortalecimento da cooperação entre os dois países vizinhos é essencial e deve levar em consideração a soberania nacional e o respeito à integridade territorial, a responsabilidade compartilhada e o respeito à não intervenção em assuntos internos e aos direitos humanos.

Edição: Vinicius Doria