Governo de Goiás cria comissão para investigar crimes de grupo de extermínio

15/02/2011 - 18h56

Daniella Jinkings
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Uma comissão para investigar os crimes da organização criminosa composta por policiais militares do estado foi criada pelo governo de Goiás. A organização foi desarticulada hoje (15) pela Operação Sexto Mandamento da Polícia Federal (PF). Segundo a PF, o grupo tinha como principal atividade a prática habitual de homicídio. Entre as vítimas dos criminosos estão crianças, adolescentes e mulheres.

O governador Marconi Perillo afirmou que está “aliviado” pois agora tem certeza de que o Poder Público está agindo contra todo tipo de esquema criminoso. “Tomarei todas as medidas para garantir o Estado Democrático de Direito. O que nós percebemos com essa operação é que havia uma promiscuidade entre figuras do alto escalão do governo com pessoas comprometidas com o crime.”

A Polícia Federal cumpriu todos os 19 mandados de prisão expedidos pela Justiça. Entre os presos está o atual subcomandante-geral da Polícia Militar, o coronel Carlos Cézar Macário. “Já assinei hoje de manhã a exoneração do subcomandante e já assinei também a comissão de alto nível sugerida pelo secretário de Segurança Pública para investigar e apurar os desaparecimentos [das vítimas do grupo de extermínio]”, disse Perillo.

Além do subcomandante, a PF prendeu 12 militares em Goiânia. Mais seis foram presos pela própria Polícia Militar. O nome dos militares e dos civis presos não foram divulgados. Entre os investigados, estão o ex-secretário de Segurança Pública Ernesto Roller e o ex-secretário da Fazenda de Goiás Jorcelino Braga, suspeitos pela prática de tráfico de influência que resultaram nas promoções de patentes de integrantes da organização criminosa.

Os presos poderão ser indiciados por homicídio qualificado em atividades típicas de grupo de extermínio; prática de formação de quadrilha; tortura qualificada; falso testemunho; prevaricação (falta de cumprimento do dever na administração pública); fraude processual; ocultação de cadáver; posse ilegal de arma; e ameaça a autoridades, testemunhas e jornalistas.

A operação contou com a participação da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, do Ministério Público de Goiás, do Poder Judiciário de Goiás, da Secretaria de Segurança Pública do estado e dos comandos da Polícia Militar e da Polícia Civil de Goiás.

A Polícia Federal e a Secretaria de Segurança Pública começarão a trabalhar na localização das pessoas que desapareceram depois de serem abordadas pelos acusados. Foi criado um canal de denúncia com o endereço denuncia.srgo@dpf.gov.br, por meio do qual a população poderá fornecer informações que auxilem nas buscas e que esclareçam os crimes praticados pela organização. A identidade dos denunciantes será preservada.

 

Edição: Aécio Amado