Monumento aos Mortos da 2ª Guerra Mundial poderá ser tombado pelo Iphan

28/10/2010 - 16h10

 

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - O Monumento aos Mortos da 2ª Guerra Mundial, no Parque do Flamengo, conhecido também como Monumento aos Pracinhas, poderá ser tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O encaminhamento favorável dos pareceres técnicos sinaliza que a medida será aprovada pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do Iphan, na reunião programada para os próximos dias 4 e 5 de novembro, na capital fluminense. A informação foi dada à Agência Brasil pelo gabinete da presidência do Iphan. Segundo o órgão, o monumento é um bem público situado no parque já tombado pelo instituto desde 1965.

Com projeto dos arquitetos Marcos Konder Netto e Hélio Ribas, o monumento foi construído entre os anos de 1957 e 1960 e é integrado por três obras que homenageiam a Força Aérea Brasileira, os pracinhas das Três Armas (Exército, Marinha e Aeronáutica) e os combatentes e civis que morreram em operações navais. Um museu instalado no local abriga equipamentos usados pela Força Expedicionária Brasileira (FEB) e objetos apreendidos de soldados alemães.

Durante a reunião, os 22 membros do Conselho Consultivo do Iphan avaliarão também os pedidos de proteção federal para mais cinco bens culturais:o Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro (AM), o Ritual Yaokwa do Povo Indígena Enawene Nawe (MT), a paisagem natural de Santa Tereza (RS), o Centro Histórico de São Félix (BA) e o encontro das águas dos Rios Negro e Solimões (AM).

Constará ainda da pauta um tema polêmico: a devolução ao Paraguai do canhão El Cristiano (O Cristão), construído com material de sinos de igrejas, atualmente em exposição no Museu Histórico Nacional, no Rio, e que constitui um troféu da Guerra da Tríplice Aliança, ou Guerra do Paraguai. Os combates se estenderam de 1865 a 1870, envolvendo os quatro principais membros do atual bloco do Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai). A arma foi apreendida em 1868, quando o Brasil tomou a Fortaleza de Humaitá, no Rio Paraguai. O compromisso de devolução do canhão foi assumido em março deste ano pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O presidente do Instituto de Geografia e História Militar do Brasil (IGHMB), general de divisão Aureliano Pinto de Moura, é contra a devolução de qualquer troféu de guerra. Ele disse hoje (28) à Agência Brasil que a possibilidade de devolução do El Cristiano “é um desrespeito aos soldados que morreram no Paraguai em defesa do Brasil. “Eles [paraguaios] invadiram o nosso país, eles têm que arcar com as consequências. O canhão fica aqui”. Caso haja a devolução, Moura defendeu que o Paraguai devolva também navios brasileiros apreendidos durante a guerra.

O Conselho Consultivo do Iphan dará o seu parecer sobre o assunto mas, de acordo com o Decreto Lei 3.866, de 29 de novembro de 1941, somente o Presidente da República tem a competência para destombar um bem do patrimônio histórico e artístico nacional, atendendo a motivos de interesse público. Portanto, a palavra final sobre o canhão caberá ao presidente Lula.

 

Edição: Aécio Amado