Manifestação estudantil por melhorias no ensino público paralisa Buenos Aires

16/09/2010 - 23h15

 

Luiz Antônio Alves

Correspondente da Agência Brasil na Argentina

 

Buenos Aires - Desde as primeiras horas da noite de hoje (16) milhares de estudantes secundários e universitários, além de professores, sindicalistas e representantes de vários partidos políticos, paralisaram Buenos Aires com uma gigantesca marcha que percorreu o centro da cidade e se concentrou diante da Casa Rosada, sede do governo argentino.

 

Levando bandeiras, estandartes e tocando tambores, os manifestantes reivindicaram a atenção da prefeitura e do governo argentinos para reformas físicas nos estabelecimentos estudantis e a melhoria dos salários dos professores, além de escola pública gratuita para todos.

 

Os estudantes dizem que o prefeito de Buenos Aires, Mauríco Macri, investiu, ao longo deste ano, apenas 7% das verbas destinadas à infraestrutura das escolas públicas, ao mesmo tempo em que aumentou os subsídios para as escolas privadas.

 

Eles também afirmam que o governo argentino aplica um modelo educativo orientado pelo Banco Mundial e por empresas multinacionais, retirando dinheiro destinado à educação para transformar as escolas em mercadoria somente acessível a quem pode pagar por ela.

 

A marcha também serviu para lembrar as atrocidades cometidas pela ditadura militar argentina. Na noite do dia 16 de setembro de 1976, dez estudantes secundários da cidade de La Plata foram sequestrados por forças policiais a serviço dos militares que comandavam o país. Alguns foram torturados e e outros foram dados como desaparecidos. Todos pertenciam à União dos Estudantes Secundários e haviam pedido ao Ministério de Obras Públicas a concessão de passagens de ônibus com desconto para estudantes. O episódio ficou conhecido como A Noite dos Lápis.

 

A marcha estudantil de hoje bloqueou a principal avenida de Buenos Aires, a 9 de Julho, e subdividiu-se pelas ruas paralelas, provocando o caos no trânsito da capital argentina e a irritação dos motoristas e da população que usa ônibus e táxis.

 

Edição: João Carlos Rodrigues