Moradores pedem que bairro "perdido" seja reconhecido por São Paulo

07/06/2009 - 17h33

Ivy Farias
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Os moradores do bairro União Vila Nova estão literalmente perdidos no mapa. Apesar de eles considerarem o bairro como parte da zona leste do município de São Paulo, autoridades discordam sobre o real "dono" da comunidade. O motivo para tanta dúvida é que o União Vila Nova fica na divisa das cidades de Guarulhos e São Paulo. Segundo o presidente da Comissão de Reurbanização da Comunidade Pantanal Moradores, Wellington Paulino Bezerra, o bairro - que começou como uma favela há quase 27 anos - era tratado com desdém por uma antiga administração da subprefeitura de São Miguel Paulista. "Era humilhante, eles nos tratavam como se estivessem fazendo um favor", disse Bezerra. "Só queremos ser tratados como cidadãos." De acordo com o presidente, a situação começou a mudar quando a imprensa passou a veicular notícias sobre o drama do bairro sem cidade. Porém, algumas lideranças do União Vila Nova continuam descontentes, como é o caso de Antonio Euclides de Moura, presidente da Escola de Samba União das Vilas de São Miguel Paulista. "Queremos um documento formal atestando que fazemos parte da cidade de São Paulo", afirmou.Bezerra disse que a subprefeitura responsável pela área dizia que o bairro não fazia parte de São Paulo e se recusava a prestar serviços. "Nunca procuramos Guarulhos porque eles ficam muito longe e não faz sentido algum", afirmou. Procurada pela reportagem da Agência Brasil, a subprefeitura - por meio do seu assessor de imprensa - informou que a administração está buscando a solução "e o entendimento sobre a área". A assessoria explicou ainda que o departamento jurídico está avaliando os documentos e que uma resposta definitiva sairá em dez dias. A cidade de Guarulhos também foi procurada e afirmou, também por sua assessoria de imprensa, que o bairro "não pertence ao município". Durante o levantamento de informações, a Agência Brasil encontrou o serviço da coleta de lixo do município de São Paulo no local. "Este posto de saúde também é de São Paulo", disse Bezerra, acrescentando que os moradores do bairro votam e pagam impostos em São Paulo. "Não queremos depender da boa vontade de nenhum subprefeito nunca mais. O reconhecimento do bairro faz parte da nossa cidadania."Bezerra contou ainda que a maioria dos moradores não tem conhecimento sobre essa situação e que no momento tem participado de reuniões com o subprefeito de São Miguel Paulista e os demais secretários responsáveis para solucionar o problema. "Não sossegaremos enquanto não tivermos uma definição."