Diretor do Iphan defende polícia especializada para reprimir roubo de bens culturais

20/12/2007 - 23h54

Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A repressão a roubos de bens culturais, como os dois quadros levados hoje (20) do Museu de Arte de São Paulo (Masp), deve ser sistemática e tratada em delegacias específicas, de acordo com o diretor do Departamento de Museus e Centros Culturais do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), José do Nascimento Júnior. “A questão de segurança dos museus não é responsabilidade única dos museus, é uma questão de segurança pública”, afirmou.

Em entrevista à Agência Brasil, Nascimento defendeu a criação de delegacias estaduais especializadas na repressão desse tipo de crime, para atuarem de forma integrada com a Polícia Federal, como já acontece na repressão ao tráfico de drogas, por exemplo.

“O roubo de um Picasso ou de um Portinari não pode ser tratado na mesma delegacia que se trata o roubo de uma carteira. Da mesma forma que há delegacias especializadas na repressão do tráfico de drogas ou do tráfico de armas, temos que ter em relação ao tráfico de bens culturais”, sugeriu.

De acordo com Nascimento, em agosto, o Iphan solicitou a todos os governos estaduais que criassem os órgãos. “Ainda não tivemos respostas de estados importantes [pelo acervo cultural que abrigam], como São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro”, afirmou.

Nascimento reconheceu problemas nos mecanismos de segurança dos museus e afirmou que a terceirização do serviço, com a substituição de funcionários fixos por empresas privadas, dificulta a formação e o treinamento de pessoal.

“Mas temos investido na capacitação das equipes de coordenadores. É preciso criar uma cultura da segurança. No mundo inteiro há uma integração entre equipes dos museus e segurança pública”, comparou.

De acordo com Nascimento, além da Polícia Civil de São Paulo, a Polícia Federal e a Interpol (polícia internacional) estão atuando na investigação do roubo dos quadros do Masp.