Quilombolas promovem ato público no interior do Amazonas por titulação e indenização

25/09/2007 - 0h35

Amanda Mota
Repórter da Agência Brasil
Manaus - Representantes da Comunidade do Tambor, em Novo Airão, lançaram em ato público, hoje (24), a campanha estadual Titulação & Indenização Já, organizada pela Associação de Moradores Remanescentes de Quilombos da Comunidade e pela União de Negros e Negras pela Igualdade (Unegro). De acordo com o presidente da associação, Sebastião de Almeida, o objetivo é exigir das autoridades públicas a titulação das terras do Quilombo do Tambor e a indenização das famílias que viviam na região e se viram obrigadas a sair do local, em função das dificuldades encontradas após a criação do Parque Nacional do Jaú, uma área de proteção ambiental integral que inclui a região onde vivem os quilombolas. "O Tambor foi a primeira comunidade negra a existir no Jaú. Aqui nós plantamos mandioca, banana e fazemos extrativismo de cipó e copaíba desde 1907. O problema é que depois que criaram o parque não nos deixaram mais fazer o que fazíamos do mesmo jeito. Por isso muita gente teve que sair daqui", lamentou.O superintendente do Instituto Brasileiro dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no Amazonas, Henrique Pereira, informou que existe um termo assinado com a representação dos moradores do parque e que nele estão previstas regras para a utilização dos recursos, mas a comercialização dos produtos e subprodutos da floresta é proibida. Segundo Pereira, o monitoramento é feito sobretudo para garantir a proteção integral prevista por lei para a região."As leis são aplicadas a todas as áreas de preservação ambiental. Os moradores que já viviam no local antes da criação do parque podem realizar a pesca para subsistência, mas não podem sair de lá com produtos ilegais", acrescentou.Além das titulações e indenizações, a campanha dos moradores pedem também o reconhecimento dos povos quilombolas e das comunidades tradicionais do Jaú, apoio à produção e à comercialização dos produtos agroextrativistas, e garantia de acesso e uso dos recursos naturais entre as famílias que vivem no parque.De acordo com o Ibama, o Parque Nacional do Jaú é o maior parque do mundo em floresta tropical úmida contínua e intacta  – tem 2, 272 milhões de hectares. Localizado entre os municípios de Novo Airão e Barcelos, o nome do parque se deve a uma das espécies de peixes encontradas na região.