Vinícius Lisboa
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – O trabalho de demolição das casas da comunidade Metrô-Mangueira, conhecida como Favela do Metrô, na zona norte, recomeçou na manhã de hoje (10). Policiais militares acompanham a ação, marcada por protestos dos moradores. No local, está prevista a construção de um parque linear e de um polo automotivo. De acordo com o subprefeito da zona norte, André Santos, a demolição e a retirada do entulho podem demorar até um mês e meio.
Ontem (9), após reunião com representantes da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio de Janeiro (OAB-RJ), da Defensoria Pública e de representantes das famílias que vivem na favela, a prefeitura voltou atrás e decidiu pagar aluguel social às pessoas que ocuparam as casas. Os moradores receberão o benefício, no valor de R$ 400, até serem inseridos no Programa Minha Casa, Minha Vida.
Inicialmente, o governo municipal informou que já havia indenizado os moradores da comunidade – que começou a ser desocupada em 2010 -, e que os atuais moradores haviam invadido as casas após a desapropriação, cabendo a eles apenas vagas em abrigos municipais, se necessário.
Os moradores queixam-se de que as demolições, que recomeçaram na terça-feira (7), não foram anunciadas e que algumas casas foram destruídas com todos os pertences e documentos de famílias dentro.
A prefeitura diz que o trabalho de remoção começou em 2010 e que 662 famílias foram transferidas para imóveis dos condomínios Mangueira 1 e Mangueira 2, a poucos metros da comunidade. A remoção terminou em dezembro, quando as últimas famílias consideradas originárias pela prefeitura receberam imóveis no Bairro Carioca, em Triagem, também na zona norte.
No local, a situação é insalubre. Grande quantidade de lixo, valas de esgoto a céu aberto e entulho das demolições se acumulam nos becos, que ocupam pequena área entre a linha do trem e a Avenida Radial Oeste, em frente à Universidade do Estado do Rio de Janeiro e próxima ao Estádio Jornalista Mário Filho, o Maracanã. Nesse cenário, circulam crianças, jovens e idosos, que formam grande parte da comunidade. Ontem, o presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ, Marcelo Chalreo, visitou o local e disse que as famílias se encontram em "estado de vulnerabilidade social".
Edição: Denise Griesinger
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