Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deve anunciar amanhã (19) o repasse de R$ 40 milhões a fundo perdido para as centrais de triagem de material reciclável. A informação foi divulgada nesta quarta-feira pelo prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, na abertura da quarta edição da Expocatadores 2013, evento que reúne catadores de 26 estados brasileiros.
Segundo Haddad, os recursos foram conseguidos por meio de uma parceria da prefeitura com as cooperativas de catadores de materiais recicláveis. Ele disse ainda que, em maio de 2014, a cidade terá duas centrais mecanizadas de triagem.
“A meta de 10% de coleta de material reciclável está quase contratada. Além dessas duas no ano que vem, teremos mais duas em 2016. Aí fechamos a meta de 10% em parceria com os catadores, porque a mecanização não é para substituí-los, mas para aumentar a renda e incluir mais as pessoas que já estão envolvidas nesse processo”.
Haddad assumiu ainda o compromisso de que não haja diferenciação entre os trabalhadores da triagem mecanizada e a não mecanizada. Segundo ele, cada estação mecanizada produzirá pelas 20 não mecanizadas existentes em São Paulo, empregando muito menos pessoas. “Nós vamos ver tudo isso como um sistema único de reciclagem. Em janeiro, vamos nos reunir com os catadores para discutir a gestão das centrais e a decisão será conjunta. Queremos criar um ambiente de governança no qual todos possam se beneficiar do aumento da coleta em São Paulo”.
O coordenador da Expocatadores 2013 e representante do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis, Roberto Laureano, destacou que o evento tem o objetivo de discutir e fortalecer a cadeia produtiva do setor de forma sustentável e inclusiva. O evento promove uma feira de negócios, palestras e atrações culturais. A estimativa da organização é a de que participem 3 mil catadores do Brasil e de 14 países da América Latina e do Caribe, da Ásia, África e Europa.
Para Laureano, o processo de organização de catadores na cidade de São Paulo está muito pequeno ainda e o pedido à prefeitura é para que sejam criadas mais cooperativas e que o movimento seja fortalecido. “Não podemos ficar blindados em 20 centrais de beneficiamento, sendo que temos mais de 50 cooperativas sem convênio e sem apoio da prefeitura. Queremos que elas possam ser reconhecidas, para ampliar o processo em São Paulo”.
Segundo ele, atualmente há no país 3 mil cooperativas, reunindo 80 mil catadores. Na cidade de São Paulo, são 20 mil catadores e 80 cooperativas. “Há 1 milhão de catadores no país que ainda precisam de capacitação e de serem agregados nas associações”. Além de organizar esses trabalhadores, o objetivo do movimento é o de criar a mentalidade de que a atividade é um negócio que pode ser feito com tecnologia e gerar lucro.
De acordo com informações da organização, no ano passado, a feira gerou alianças que resultaram em receita de R$ 30 milhões. Este ano, a expectativa é a de que esse valor duplique em função do incentivo do governo e da proximidade do prazo para a implementação da Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos.
Edição: Davi Oliveira
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