Alex Rodrigues
Repórter Agência Brasil
Brasília - Responsável pela gestão do estádio onde ocorreu a briga entre torcedores do Atlético Paranaense e do Vasco, a prefeitura de Joinville rebateu as afirmações do Ministério Público (MP) de Santa Catarina de que o local não dispõe de grades separando as torcidas. De acordo com as explicações, os torcedores do Vasco foram autorizados pela própria Polícia Militar a ficar em trecho da arquibancada sem grade por falta de vagas suficientes no local cercado.
Segundo o diretor-presidente da Fundação de Esportes, Lazer e Eventos de Joinville (Felej), Fernando Krelling, que administra o estádio, as arquibancadas do local contam com grades contínuas separando as torcidas e outros equipamentos de segurança cobrados pelo MP, em ação civil pública apresentada no início do mês.
Ontem (8), no entanto, muitos torcedores vascaínos acabaram na área destinada aos torcedores atleticanos, separados apenas por uma corda e por grades descontínuas. Isso porque, de acordo com Krelling, a direção do Atlético disponibilizou para a torcida do Vasco parte dos ingressos a que teria direito, totalizando 3,7 mil lugares para os vascaínos, enquanto a área protegida tem capacidade para apenas 1,7 mil torcedores.
O dirigente pondera que o expediente já havia sido utilizado em outros jogos, mas com a presença da Polícia Militar. “Por isso, a meu ver, o erro maior, se podemos falar em erro, diz respeito ao uso de segurança particular [no evento]”, disse Krelling à Agência Brasil. O estádio tem capacidade total para 15 mil espectadores.
De acordo com o dirigente municipal, a distribuição dos torcedores no estádio foi autorizada pela Polícia Militar de Santa Catarina, que, na sexta-feira (6), também determinou o número necessário de seguranças (90 integrantes) para o evento.
“O Atlético Paranaense entrou em contato com a Polícia Militar, que veio ao estádio, fez uma vistoria, solicitou que, na parte de baixo da arquibancada fosse colocada uma separação – o que foi feito - e autorizou o uso de segurança privada”, acrescentou Krelling, garantindo que outros reparos estruturais solicitados pelo Ministério Público catarinense na ação civil pública já foram providenciados.
Perguntado se o número de seguranças privados contratados pelo Atlético Paranaense foi insuficiente, Krelling questionou a recomendação do MP Estadual que, na ação civil ajuizada há duas semanas, pede à Justiça que impeça que policiais sejam usados para fazer a segurança de eventos privados.
“Tivesse 90, 150 seguranças privados, não sei dizer se eles conseguiriam conter a fúria desses torcedores. É diferente. A Polícia Militar inibe a torcida a ir para o enfrentamento. Já com seguranças, sem nenhum tipo de armamento e de proteção, fica mais fácil”.
No sábado, o Joinville Esporte Clube jogou contra o Metropolitano, de Blumenau, pela Copa Santa Catarina, já sem a presença ostensiva de policiais militares. A presença policial se limitou, segundo Krelling, ao mínimo necessário para garantir a segurança do trio de arbitragem e nenhum incidente foi registrado.
A fundação municipal recebeu R$ 25.432,80 pelo aluguel do estádio para o jogo do Atlético. O contrato de locação a que a Agência Brasil teve acesso estabelece que cabe ao clube paranaense providenciar o aparato policial militar ou de segurança privada necessário para garantir a segurança dos torcedores, árbitros, comissões técnicas e de todo o pessoal envolvido com o evento. Também compete ao Atlético respeitar o cumprimento do Estatuto do Torcedor, bem como contratar seguro e providenciar serviço médico.
Procurado, o Atlético Paranaense reenviou nota em que lamenta os acontecimentos, garantindo que tomará todas as providências para identificar e denunciar às autoridades competentes os envolvidos e punir os que tenham ligações com o clube.
Edição: Davi Oliveira
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