Leandra Felipe
Correspondente da Agência Brasil/EBC
Bogotá - As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) defenderam hoje (28) em Havana, Cuba, que a solução para o problema do narcotráfico no mundo não depende da extinção das plantações de coca. Antes de começar o décimo sétimo ciclo de conversações com o governo colombiano para pôr fim ao conflito armado no país, o negociador chefe da guerrilha, Iván Marquez, disse que ações punitivas contra o plantio não resolve a questão.
“O rigor da repressão e das medidas punitivas contra a criminalidade gerada pelos processos de produção, comercialização e consumo das chamadas drogas ilícitas, derivadas do processamento da folha de coca e de outras plantas, não deve recair sobre a parte mais frágil da cadeia, que são os consumidores e os camponeses”, explicou.
Marquez ressaltou que os principais beneficiários das drogas são os “grandes circuitos financeiros da economia global”. Por isso, para a guerrilha, a solução deve reunir ao conjunto de nações. “O fenômeno não é exclusivo do nosso país. Hoje em dia se reconhece que o dinheiro do narcotráfico e de outras atividades ilegais contaminaram a economia mundial”, acrescentou.
A produção de cocaína na Colômbia se estabeleceu na economia do país no final dos anos 1970, com o narcotraficante Pablo Escobar, que liderou o Cartel de Medellín, e de outros cartéis, como o de Cali.
O combate ao narcotráfico no país teve apoio do governo dos Estados Unidos. O país é um dos maiores consumidores da droga produzida na Colômbia. Na época dos grandes cartéis e, depois, com a dissolução dessas organizações criminosas, com “megaestrutura”, houve mudanças na dinâmica interna, mas o país ainda se mantém entre os três maiores produtores de coca do mundo.
Com o declínio dos cartéis, no fim dos anos 1980, extradições, prisões de traficantes e da morte de Pablo Escobar, em dezembro de 1993, o tráfico passou a ser controlado na Colômbia pelas guerrilhas como as Farc e o Exército da Libertação Nacional (ELN).
Atualmente, as Farc, ELN e grupos criminosos comuns (as chamadas bandas criminais) movimentam o narcotráfico no país, às vezes, em parte da cadeia produtiva, em outras, na refinação e comercialização.
Em suas declarações na mesa de negociação, em Cuba, o líder das Farc declarou, contudo, que os nexos do narcotráfico no país perpetram também as estruturas legais. “Há duas décadas o ex-diretor do DEA (do inglês, Drug Enforcement Administration) dos EUA, Joe Toff disse que a Colômbia era uma narcodemocracia”, relembrando as suspeitas da relação entre o narcotráfico e as estruturas do Estado no país. O órgão atua no combate ao narcotráfico no país e em regiões produtoras, como América Andina (Bolívia, Peru, Colômbia e Equador) ou ao tráfico de drogas na América Central e no México.
Edição: Aécio Amado
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