Mariana Tokarnia
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Todas as redes de ensino apresentaram queda na média em linguagens e códigos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2012. Segundo dados divulgados pelo Ministério da Educação (MEC), as escolas públicas federais, estaduais e municipais e as privadas tiveram médias menores nesse quesito em relação ao exame de 2011. As notas na redação também tiveram queda, com exceção das federais, que aumentaram a média em um ponto.
Hoje (25), o MEC divulgou o desempenho geral e também as médias por competência avaliada no exame de cada escola em que mais de 50% dos estudantes do 3º ano do ensino médio fizeram o Enem. No ranking geral, as escolas federais obtiveram, juntas, a maior média. Já as particulares, no entanto, ocupam os três primeiros lugares, quando são consideradas as médias obtidas nas áreas cobradas no exame (linguagens e códigos, matemática, ciências humanas e ciências da natureza) e excluindo-se a redação.
Entre as competências, as escolas (de todas as redes de ensino) apresentaram queda nas médias somente de linguagens e códigos, sendo o resultado variado em relação às demais áreas. As federais registraram a maior redução na competência, 36 pontos, passando de 581 para 545; seguidas pelas particulares, com queda de 33 pontos, passando de uma média de 577 em 2011, para 544 em 2012 - em uma escala que vai até 1.000. As estaduais passaram de 502 para 480, uma diferença de 22 pontos. Já as municipais passaram de 527 para 513, uma diferença de 14 pontos na competência.
Na redação, as federais foram as únicas em que a média subiu, de 612 para 613. As particulares tiveram redução de dez pontos na média, que passou de 612 para 602. As estaduais caíram de 507 para 491. E as municipais, de 544 para 533.
Segundo o coordenador e consultor jurídico da Confederação Nacional das Associações de Pais e Alunos (Confenapa), Luis Claudio Megiorin, as quedas estão relacionadas à falta leitura e escrita. "Nossos alunos não estão sendo estimulados na leitura. Isso ajudaria não apenas na redação, mas na interpretação das demais questões", diz. Segundo ele, os pais devem buscar o desempenho das escolas e cobrar melhoria nesses quesitos.
A diretora executiva do movimento Todos pela Educação, Priscila Cruz, alerta que as médias das escolas no Enem não são suficientes para avaliar a qualidade do centro de ensino. De acordo com a diretora, o Enem examina parte da aprendizagem, no entanto, outros indicadores podem oferecer um panorama mais completo da instituição.
A média do Enem leva em consideração as notas dos alunos que fizeram a prova, não há uma metodologia estabelecida, não se pode garantir se farão a prova os melhores ou os piores alunos, argumenta. Nesse sentido, é diferente de avaliações como a Prova Brasil, usada para calcular índices de qualidade.
Segundo Priscila, as médias e os rankings mostram também assimetrias socioeconômicas, pois o estudante aprende também em casa. E quanto maior o nível econômico mais acesso à informação e à cultura. "O ranking das escolas acaba favorecendo escolas que têm processos de seleção, como as federais e algumas particulares, e aquelas que atendem a um público mais abastado, com maior renda".
"O número divulgado é uma média. A dispersão pode ser enorme. O fato de a escola ter uma certa nota, não significa que o seu filho vá ter essa nota, ele pode estar acima ou abaixo. Temos em um mesmo cálculo aquele aluno que vai passar para medicina e aquele que não vai conseguir uma vaga. Isso deve ser levado em consideração", argumenta.
Junto com as médias, o MEC divulgou uma ferramenta de consulta para a escola e para os candidatos, que pode ser acessada no site do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Lá, a escola pode acessar um mapa de notas dos alunos e os candidatos podem ter acesso ao desempenho individual no exame.
Edição: Carolina Pimentel
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