Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – A violência das forças de segurança e também de manifestantes contra os profissionais de imprensa foi debatida durante audiência pública hoje (26) na Câmara de Vereadores do Rio. A iniciativa foi do vereador Reimont (PT) e teve integrantes das Organização das Nações Unidas (ONU), da Polícia Militar (PM), da Polícia Civil, da Ordem dos Advogados do Brasil e do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro.
A presidenta do sindicato dos jornalista, Paula Máiran, ressaltou a necessidade de se criar um grupo de trabalho envolvendo todos os atores das manifestações para se construir uma solução menos traumática e violenta para o próximo ano, quando haverá eleições gerais e Copa do Mundo.
“Não é porque deu uma acalmada na situação que nós vamos largar o tema sem buscar soluções mais definitivas. Em um ano de eleição e de Copa, a temperatura deverá subir. Há indicativos de que haverá muitas manifestações nas ruas e é possível que haja muitos conflitos e muita repressão. O que se pode conseguir no curto prazo, ainda que de efeito paliativo, é a união de esforços entre os profissionais de imprensa, dos movimentos de comunicação popular, dos grupos de direitos humanos para pressionar os governos a garantir segurança nas manifestações”, disse Paula.
O relações públicas da PM, tenente-coronel Claudio Costa garantiu que estão sendo feitos esforços pela corporação para diminuir o uso de armas não letais, principalmente balas de borracha, além de se aumentar a carga horária nos cursos de formação dos novos recrutas de matérias relativas aos direitos humanos.
“Este é um debate que necessita continuar. A imprensa é fundamental em uma democracia, que precisa ser livre para levar as notícias à população. A polícia tem que levar segurança nas manifestações a todos, incluindo aos jornalistas. Nós estamos sempre buscando melhoras e mudanças nos procedimentos, como a não utilização da bala de borracha e a revista aos manifestantes para retirar coquetéis-molotov e pedras”, disse o oficial. Ele convidou o sindicato dos jornalistas a uma reunião com o comandante da PM para discutir melhorias nas relações entre policiais e profissionais de imprensa.
Ao final da audiência, a presidenta do sindicato entregou ao vereador Reimont um dossiê compilado pela entidade com casos de agressão e hostilidade contra jornalistas. Segundo o documento, o Rio concentra 20% dos incidentes de violência à imprensa no país. O relatório também será encaminhado às autoridades de segurança pública do estado, às entidades de classe, às organizações de defesa dos direitos humanos, ao Ministério Público do Trabalho (MPT) e ao Ministério Público Estadual.
Edição: Fábio Massalli
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