Marcelo Brandão
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O 46º Festival de Brasilia do Cinema Brasileiro dançou no ritmo brega na noite de sábado (21). O filme Amor, Plástico e Barulho transportou o público para a cidade do Recife, para conhecer Jaqueline e Shelly, cantora e dançarina da banda Amor com Veneno. Enquanto uma tenta resgatar o sucesso perdido, a outra se mostra uma estrela em ascensão. O público, que lotou mais uma vez o Cine Brasília, recebeu muito bem o filme de Renata Pinheiro, e os muitos aplausos refletiram isso.
“Gostei muito do filme. A fotografia é bem bonita e a atuação das meninas é sensacional, trouxe uma verdade para a história”, analisou o empresário Fred Belchior. “Achei o filme envolvente. As atrizes conseguiram chamar a atenção do público para a história”, disse a publicitária Larissa Matos.
Renata, por sua vez, não escondia a felicidade por estar mais uma vez no festival. “Minha sensação de estar aqui é de uma felicidade plena. Eu estreei aqui com o meu primeiro curta-metragem, e o meu grande desejo era estar aqui com meu primeiro longa, e a gente foi selecionado. Adoro esta plateia, este povo participativo”, disse a diretora Renata Pinheiro.
Pernambucana, ela tem visto de perto a fértil cena cinematográfica que deu o próximo filme brasileiro a concorrer ao Oscar. Para ela, um dos responsáveis pelo sucesso do cinema local são os programas de incentivo cultural do governo estadual, que dão liberdade ao cineasta de criar sem precisar se adequar a interesses comerciais. O que, segundo ela, ajudou no desenvolvimento de uma marca na produção daquele estado.
“O cinema de Pernambuco, hoje, é um cinema livre, autoral. As pessoas acreditam, levam isso até o final e há uma diversidade incrível lá. Cada diretor faz o filme que acredita e transmite para ele uma carga pessoal muito grande. Talvez uma marca do cinema pernambucano é ser um cinema corajoso”, analisou.
Além de Amor, Plástico e Barulho, outras produções foram exibidas, dentre elas o curta-metragem O Gigante Nunca Dorme e o longa Morro dos Prazeres, ambos documentários. O curta retratou o início do Movimento Passe Livre, em Brasília. O movimento deu seus primeiros passos em 2005, e também participou ativamente das manifestações de junho, que pararam grandes cidades. Antes da exibição do filme, militantes do Movimento Passe Livre subiram ao palco do festival. Mascarados, eles estenderam a faixa Tarifa Zero e foram aplaudidos.
O curta Morro dos Prazeres mostrou um pouco da rotina da favela de mesmo nome, um ano após a pacificação. O documentário mostra a dificuldade de implantar a política de pacificação em uma comunidade dominada pelo tráfico por décadas. As cenas mostram que moradores aprenderam a temer e odiar a polícia, que também precisa descobrir qual a melhor forma de atuar na rotina da vida na favela. Situações pontuais, algumas do ponto de vista da polícia e outras dos moradores, mostram como essa relação é tensa, frágil e requer muito cuidado das duas partes.
“Gostei do filme, é muito crítico nos dois sentidos. Dá para analisar os dois lados da moeda”, opinou a jornalista Andreia Verdelio.
Edição: Fernando Fraga
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