Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Começou hoje (20), pela internet, o leilão para a venda da sucata de 17 aviões da antiga Viação Aérea São Paulo (Vasp). As propostas poderão ser apresentadas por pessoas físicas ou jurídicas até o dia 30, no site do leiloeiro Sérgio Freitas. Neste dia ocorrerá o fechamento do pregão, na Casa de Portugal, em São Paulo.
Serão leiloadas 448 toneladas de sucata, provenientes do desmonte de 16 Boeings e um Airbus A300. O material se encontra nos aeroportos de Guarulhos (quatro aeronaves) e Campinas (uma), no estado de São Paulo; Salvador (três); Brasília (três); Recife e Manaus (dois aviões cada); Galeão e Confins (uma aeronave cada).
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informa que todos os aviões são considerados sucata. O lance mínimo varia de R$ 12 mil a R$ 42 mil. “Eles têm a forma de um avião, mas não são mais considerados como tal”, disse hoje (20) à Agência Brasil o juiz Daniel Carnio Costa, titular da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Foro Central de São Paulo, responsável pelo processo de falência da Vasp. A avaliação dos bens para o leilão se baseou no custo do material reciclável. As empresas de material reciclável têm sido as maiores compradoras de bens de sucata da Vasp.
O juiz acrescentou que a maioria das aeronaves não foi desmontada. Isso só ocorreu no Aeroporto de Recife, que abrigava dois aviões da antiga companhia aérea. Outros aviões serão leiloados inteiros. Nesse caso se encontra uma aeronave que está no Aeroporto de Confins e apresenta uma característica diferenciada. Trata-se de um Boeing 737-200 PAX, prefixo PP-SMA, avaliado em R$ 18 mil. “É a primeira aeronave do modelo a voar no Brasil. Há um interesse histórico, de preservação da história da aviação nacional e da própria companhia, que foi muito importante para o país”, destacou o juiz.
Para o 727-200 houve manifestação de interesse por parte do Museu da TAM e de uma universidade de Minas Gerais, que pretende aproveitar a sucata para desenvolver um projeto cultural para crianças e adultos. Daniel Costa disse que a Justiça de São Paulo vai levar em consideração a destinação que será dada à aeronave mas, “o fator principal é a competição por preço. Porque todos os valores arrecadados com a sucata e os demais bens da Vasp são revertidos para o pagamento dos credores”.
Agora, terão prioridade no pagamento os trabalhadores que aguardam desde 2008 para receber, pelo menos, parte do que é devido. “Eles são os próximos da lista”. Costa disse que nessa etapa o pagamento é limitado a até 150 salários mínimos para cada trabalhador.
No ano passado, com os leilões efetuados, a 1ª Vara de Falências e Recuperações da Comarca de São Paulo conseguiu pagar a todos os cerca de mil credores extraconcursais, que englobam funcionários e fornecedores que tiveram vínculo com a empresa durante o período em que ela esteve em recuperação judicial, entre 2005 e 2008. As mil famílias receberam cerca de R$ 30 milhões.
A dívida da Vasp é estimada em R$ 5 bilhões, sendo R$ 1,5 bilhão em débitos trabalhistas. O juiz informou que o Aeroporto de Congonhas (SP) foi liberado da sucata de aeronaves da Vasp. Eram 12 aeronaves, das quais uma foi arrematada inteira, no ano passado, por um empresário de Araraquara, que nela montou um restaurante.
Outros leilões estão programados e incluem bens que estavam na sede da companhia, de interesse específico para colecionadores do ramo de aviação civil. “A gente não pode desperdiçar nem uma agulha. Não dá para desperdiçar nada porque, se a gente conseguir, com isso, pagar mais dez ou 20 famílias, já vale a pena. São 20 famílias a mais recebendo o que é devido. Essa é a nossa ideia”.
Edição: Beto Coura
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