Jorge Wamburg
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A diretoria dos Correios espera chegar a um acordo na tarde de hoje (17) com os sindicatos que não aceitaram a proposta da empresa e continuam em greve desde o dia 12. Em uma audiência de conciliação na Justiça do Trabalho, em Brasília, a empresa vai manter a proposta – já aceita pelos sindicatos do Rio de Janeiro, São Paulo, Bauru (SP) e Rondônia – de reajuste de 8% nos salários, que representa reposição da inflação do período (6,27%), mais ganho real de 1,7%, além de 6,27% a mais nos benefícios.
O presidente da empresa, Wagner Pinheiro de Oliveira, disse, em entrevista coletiva, que esse é o limite a que a empresa pode chegar, nas circunstâncias atuais. “É uma ótima proposta, em respeito aos trabalhadores e à população, que não pode ser prejudicada pela paralisação dos serviços.”
De acordo com a direção dos Correios, 98,73% dos empregados (122.889) compareceram normalmente ao trabalho nesta terça-feira, “apesar da paralisação mantida por seis sindicatos [Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Tocantins, São José dos Campos e Vale do Paraíba]”. Segundo os Correios, as paralisações provocaram um acúmulo de 3,4 milhões de objetos (correspondência e encomendas). O Plano de Continuidade de Negócios, que prevê o cumprimento de horas extras, mutirões para entrega nos fins de semana e deslocamento de empregados entre as unidades, deverá regularizar a situação até amanhã (18), informam os Correios.
Os Correios oferecem na proposta de acordo o pagamento de um vale extra no valor de R$ 650 em dezembro, e vale-cultura dentro das regras do programa do governo federal.
Os sindicatos serão representados pela Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect). Que representa mais de 30 entidades de empregados dos Correios. A entidade reivindica 7,13% de reajuste mais 15% de aumento real e R$ 200 de aumento linear para todos os 123 mil servidores. Além disso, pede 20% de aumento pelas perdas salariais ocorridas desde o Plano Real.
Segundo o órgão, atender às demandas da categoria causaria impacto de R$ 31,4 bilhões sobre a folha de pagamento, o equivalente a "quase o dobro da previsão de receita” para este ano, “ou o equivalente a 50 folhas mensais de pagamento da ECT” como um todo.
Além das reivindicações salariais, o diretor da Fentect, James Magalhães, afirma que outro ponto que preocupa os trabalhadores é a situação do Correios Saúde, plano que atualmente é administrado pelo setor de recursos humanos da empresa. “Desde 2009, eles vêm sucateando o plano. Fecharam vários ambulatórios dentro dos Correios. Agora querem repassá-lo à iniciativa privada, sob o nome de Postal Saúde, prejudicando também esse direito dos trabalhadores.”
Em nota, os Correios informaram que a "implantação da nova gestão não implicará nenhuma alteração no atual plano, pois serão mantidos os direitos e garantias já alcançados pelos empregados, tais como cobertura de procedimentos, percentual de compartilhamento, forma de pagamento, dependentes cadastrados e rede credenciada. A garantia da manutenção das condições do Correios Saúde é regulamentada pela ANS e pelo acordo coletivo do trabalho".
Edição: Talita Cavalcante// Texto atualizado às 17h17 para acréscimo da posição dos Correios sobre o plano Correios Saúde
Todo o conteúdo deste site está publicado sob a Licença Creative Commons Atribuição 3.0 Brasil. Para reproduzir o material é necessário apenas dar crédito à Agência Brasil
TST nega pedido dos Correios para suspender greve de trabalhadores
Funcionários dos Correios no Rio encerram greve
Greve dos Correios acaba em São Paulo, na Grande São Paulo, em Sorocaba e em Bauru
Greve nos Correios tem novas adesões
Correios fazem proposta para fim da greve
Trabalhadores dos Correios bloqueiam parte da Avenida Paulista