Mariana Branco
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A Organização Internacional do Café (OIC), entidade multilateral sediada em Londres que reúne os principais produtores e importadores do grão, entende que os países-membros precisam compreender o mercado internacional em busca melhorar equilíbrio entre oferta e demanda para garantir preços que satisfaçam produtores e consumidores. A declaração está na Carta de Belo Horizonte, documento divulgado hoje (12) pela organização após reunião que celebrou seus 50 anos, durante a Semana Internacional do Café, que começou na segunda-feira e termina amanhã (13) na capital mineira.
O café atravessa uma crise, com preços em queda no mercado internacional e doméstico. Os temores de que não haverá consumo suficiente para absorver a grande oferta do grão no mercado externo derrubaram os valores. No Brasil, produtores dizem que o preço mínimo não cobre os custos de produção. Em maio, o governo federal elevou o preço mínimo da saca de 60 quilos do café arábica de R$ 261,69 para R$ 307, valor considerado insuficiente pelos cafeicultores. Recentemente, lançou regras para leilões em que a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) comprará as sacas dos produtores por R$ 343.
Em entrevista à Agência Brasil no início da semana, o diretor-executivo da OIC, Robério Silva, disse que o temor de que o consumo de café não absorva a produção não procede. “O café passou ao largo da crise [econômica global]. As pessoas continuam consumindo”, disse.
Além da referência à crise de preços, a carta da OIC, aprovada por delegados representantes dos países-membros, fala da necessidade de mais recursos para projetos de desenvolvimento da cafeicultura e se compromete a contribuir na busca de fontes de financiamento. O documento defende também a assistência técnica para os países afetados por doenças e pragas que atingem o grão.
“Na atual conjuntura, manifestamos grave preocupação com o surto de ferrugem de café na América Central, México e outros países produtores afetados, por constituir uma das crises fitossanitárias mais severas jamais registrada. Estamos empenhados em cooperar com os demais estados-membros e com as organizações internacionais”, destaca o texto.
Segundo informações da organização, a Semana Internacional do Café movimentará R$ 20 milhões em negócios durante o evento e R$ 30 milhões indiretamente. A feira está sendo sediada em Belo Horizonte pelo fato de Minas Gerais ser o maior produtor do grão no país, responsável anualmente por mais de 50% da colheita brasileira. O Brasil é o maior produtor mundial de café.
No ano passado, 50,83 milhões de sacas de café foram colhidas no Brasil. Este ano, a previsão da Conab é que sejam colhidas 47,54 milhões de sacas, por se tratar de período de baixa bienalidade (alternância anual entre grandes e pequenas produções).
Edição: Fábio Massalli// matéria atualizada às 18h42 para esclarecimento de informações
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