Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O governo do Brasil defende que o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) atue no esforço de encerrar o impasse na Síria, que dura 29 meses e foi agravado com as denúncias de uso de armas químicas contra civis, matando 1.300 pessoas, inclusive crianças. Paralelamente, apoia o esforço do emissário especial da Organização das Nações Unidas (ONU) e Liga Árabe à Síria, Lakhdar Brahimi, em busca do diálogo e da conciliação.
O subsecretário-geral de Política 3 do Ministério das Relações Exteriores, Itamaraty, embaixador Paulo Cordeiro, disse à Agência Brasil que a situação é acompanhada atentamente pelas autoridades brasileiras, mas que é necessário ter prudência para buscar responsáveis sobre o eventual uso de armas químicas.
“Infelizmente é preciso esperar. As informações que vêm da Síria envolvem uma série de dificuldades. É necessário observar quem divulga os dados, de onde partem os números e buscar a comprovação, além, claro, de verificar responsabilidades”, ressaltou Cordeiro. “O Conselho de Segurança é a instância que pode, neste momento, adotar medidas em relação ao processo em curso.”
A maior parte das informações sobre as denúncias de uso de armas químicas, responsabilizando o governo do presidente Bashar Al Assad, é divulgada por organizações não governamentais. As principais são do Observatório Sírio de Direitos Humanos, cuja sede fica em Londres (Reino Unido), a Comissão Geral da Revolução Síria e o Exército Livre Sírio (ELS). Os três têm ligação com a oposição síria.
No último dia 22, o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, defendeu que seja feita uma investigação independente sobre as denúncias de uso de armas químicas na Síria. “São extremamente preocupantes essas alegações de uso de armas químicas. A presidência do Conselho de Segurança [no momento com a Argentina] recomendou uma investigação independente, seja como for, a confirmação traz uma nova dimensão ainda mais preocupante e grave sobre a situação [na Síria]”, disse.
A missão de especialistas estrangeiros chegou à Síria na última semana. O trabalho é mantido sob sigilo, mas há relatos que os peritos têm dificuldades de acesso a vários locais, assim como de verificação das denúncias. Os especialistas estão no país para avaliação de três situações específicas, ocorridas ao longo dos conflitos, que levantam suspeitas sobre o uso de armas químicas.
O Conselho de Segurança da ONU se reuniu, extraordinariamente na semana passada, mas não conseguiu chegar a acordo para pedir formalmente uma investigação sobre o ataque químico denunciado na quarta-feira (21) pela oposição síria.
Desde o início dos confrontos na Síria, em março de 2011, morreram mais de 100 mil pessoas e aproximadamente 7 milhões de sírios precisam de ajuda humanitária de emergência, de acordo com o balanço da ONU. Os confrontos foram deflagrados pela disputa política entre a oposição e Assad, que é pressionado a deixar o poder, mas resiste em abrir mão do governo.
Edição: Aécio Amado
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