Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A instabilidade no mercado financeiro fez o Tesouro Nacional retomar a compra de títulos públicos. O órgão fez leilões extraordinários para adquirir papéis prefixados (com juros definidos com antecedência) nas mãos de investidores, na primeira operação do tipo em dois meses.
Hoje (19) o Tesouro comprou R$ 1,599 bilhão em títulos prefixados. Desse total, R$ 1,457 bilhão corresponderam à LTN (Letra do Tesouro Nacional) com vencimento em julho de 2016 e R$ 142,32 milhões representaram NTN-F (Nota do Tesouro Nacional, série F) com vencimento em 2023.
Em relação à LTN, o Tesouro recomprou todos os 2 milhões de papéis ofertados. No leilão de NTN-F, o órgão recomprou 150 mil títulos da oferta total de 2 milhões. Amanhã (20), fará novamente leilões de recompra desses dois papéis.
De acordo com técnicos do órgão, os leilões são necessários porque, em momentos de turbulência financeira, as taxas dos títulos tendem a se descolar dos fundamentos da economia brasileira.
Segundo o Tesouro, a instabilidade faz o aplicador ter a sensação de que está perdendo dinheiro ao manter o título. No entanto, na hora de se desfazer do papel, o investidor não encontra compradores que ofereçam preço justo. Nessas horas, então, é necessário o Tesouro recomprar os títulos para fornecer um referencial de preços e taxas de juros.
No caso dos títulos prefixados, a tensão é maior porque os juros pagos aos investidores (taxa de retorno) são definidos com antecedência e não variam conforme as oscilações do mercado e da economia. Quem compra agora um papel desse tipo sabe exatamente quanto receberá daqui a vários anos. No momento em que os juros dos títulos aumentam por causa da turbulência financeira, os investidores com esses papéis temem ter ainda mais prejuízo porque a taxa de retorno não pode mudar.
O dinheiro para recompra dos títulos virá, na maior parte, do colchão da dívida pública, recursos que o Tesouro tem guardados para usar em momentos de crise. Esse instrumento foi usado em 2005, 2006 e 2008, quando estourou a crise financeira internacional.
Por meio dos títulos da dívida pública, o Tesouro Nacional vende papéis para arrecadar dinheiro dos investidores e honrar os compromissos de curto prazo. Em troca, o governo compromete-se a devolver a quantia com algum acréscimo. A correção pode ser prefixada (com juros determinados no momento da emissão) ou seguir a inflação, a taxa Selic (juros básicos da economia) ou o dólar.
Edição: Juliana Andrade
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