Carolina Gonçalves
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A Copa do Mundo de 2014 é uma oportunidade para o Brasil aproveitar capacidades e superar mazelas históricas, segundo o ministro do Esporte, Aldo Rebelo. Durante audiência na Subcomissão Permanente da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016 do Senado, ele reconheceu que alguns investimentos nas cidades-sedes dos jogos marcados para o ano que vem podem ser alvo de irregularidades.
“Não vamos negar ou esconder. A Copa do Mundo é uma grande oportunidade para o exercício das nossas virtudes, capacidades, mas ao mesmo tempo grande oportunidade de superar nossas mazelas e limitações”, reforçou.
Além de críticas das pessoas que simplesmente não gostam de esporte, o ministro reconheceu que existem aquelas que questionam a legalidade dos processos. Os investimentos para a preparação da Copa do Mundo vêm sendo alvo de críticas e denúncias sobre possíveis irregularidades, como superfaturamento das obras.
Aldo Rebelo aproveitou para reforçar que as obras dos estádios – privados ou sob gestão dos governos locais - não recebem recursos diretos do governo federal, mas são beneficiados com mecanismos criados para os impactos sociais que essas infraestruturas deveriam representar. Rebelo voltou a destacar estudos de consultorias estrangeiras que projetaram a geração de 3,6 milhões de empregos no Brasil a partir dos investimentos nessa preparação.
“Não há dinheiro do governo federal nesses estádios, mas renúncia tributária, levando em conta os interesses públicos, como geração de emprego, renda e dinamismo da economia. Para a indústria automobilística, a renúncia é muito maior do que no caso de estádios”, disse. Os levantamentos feitos por consultores de outros países, além de indicar geração significativa de empregos, também apontam que para cada R$ 1 investido pelo governo, o evento, em si, gera mais R$ 3,4, com investimentos que dinamizam toda a cadeia envolvida com a Copa, como o setor de turismo e a mobilidade urbana.
Segundo o ministro, obras de estádios privados, como os de clubes como o Internacional e o Corinthians, puderam tomar empréstimos de até R$ 400 milhões no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), mas não contrataram o total do limite permitido. O estádio do Corinthians foi alvo de uma série de críticas pelo valor estimado para a obra. Aldo Rebelo explicou que o estádio foi projetado inicialmente para sediar jogos locais e teria um custo inicial estimado em R$ 400 milhões. Ele disse que quando foi decidido que seria o estádio utilizado para a abertura do evento, o clube precisou criar mais 20 mil assentos e áreas especiais para receber chefes de Estado e jornalistas de todo o mundo.
Rebelo destacou que, no caso de outros estádios, os investimentos foram feitos a partir de licitações por etapas, e que isso pode ter causado certa confusão em relação aos gastos. “Os custos todos estavam previstos, mas não adicionados. Primeiro, foram feitas licitações para o interior do estádio, depois para a cobertura e depois do entorno. Quando todas as obras foram somadas, a ideia era de multiplicação dos custos”, explicou. O ministro informou que todos os gastos da Copa do Mundo estão sendo acompanhados por comissões especiais formadas pelos órgãos de controle e fiscalização, como o Tribunal de Contas da União (TCU), os tribunais de contas municipais, a Controladoria-Geral da União e o Ministério Público.
Pelas estimativas do governo, até dezembro deste ano, todos os 12 estádios estarão concluídos. Em seis arenas, as obras ainda não foram finalizadas. O governo trabalha com o prazo de quatro meses para a entrega das estruturas para que possa iniciar os eventos-testes para a Copa.
Além dos estádios, o ministro lembrou que os jogos incluem outros gastos, mas que fazem parte de investimentos que já ocorreriam “com ou sem Copa”, como melhorias da infraestrutura dos aeroportos, dos serviços de transporte urbano. “Esses gastos estão na matriz de responsabilidade da Copa, com o objetivo de antecipar a realização dessas obras para atender à Copa, mas também para beneficiar as populações das cidades-sede, antecipando esses investimentos”, disse.
Edição: Graça Adjuto
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