Vinícius Lisboa
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – O crescimento previsto para a safra brasileira em 2013, quase duas vezes maior que o aumento previsto para a área colhida, mostra melhores condições de produção e aumento da produtividade, conforme analisou hoje (8) o coordenador de Agropecuária do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Mauro Andre Andreazzi.
“Quando a produção cresce mais do que a área, isso também é nível tecnológico e especialização dos nossos produtores. Isso indica que estamos conseguindo tirar mais alimentos de uma mesma área. É aumento de produtividade”, disse o pesquisador, que acrescentou: “Associado a isso temos as condições climáticas. Quando o clima ajuda, as condições são recordes”
De acordo com o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola de julho, a safra de cereais, leguminosas e oleaginosas deve crescer 16,1% em 2013, enquanto a área colhida deve expandir 8,2%. Para o aumento da produtividade, Andreazzi destaca principalmente a maior mecanização e técnicas mais avançadas de seleção das melhores sementes.
Uma estratégia dos agricultores para elevar a produção do milho tem sido apostar no grão como segunda safra, plantando-o após a colheita da soja. Pelo segundo ano seguido, a segunda safra do milho deve superar a primeira, e espera-se que o grão tenha produção recorde de 80 milhões de toneladas.
Bastante usada em Mato Grosso, a técnica transformou o estado no maior produtor nacional de milho, superando o Paraná, que vem substituindo a primeira safra do grão pela da soja, que é mais rentável. Somente em julho, a previsão da segunda safra de milho em Mato Grosso aumentou em 1,8 milhão de toneladas. A supersafra, no entanto, tem causado problemas aos produtores pela queda nos preços.
“Por causa desse grande volume, o preço já caiu e o produtor não quer colher, porque já não tem onde estocar, com os armazéns lotados. Ele pode continuar na espiga até setembro, antes da chuva começar, porque ela pode mofar o estoque”, explicou. Andreazzi acrescentou que a previsão nos Estados Unidos também é safra grande, o que deve comprometer a melhor dos preços.
A pesquisa confirma também o Centro-Oeste como a região com maior safra do país, de 77,7 milhões de toneladas (41,4%), superando pelo segundo ano seguido a Região Sul, que deve atingir 73,7 milhões (39,2%). No ano passado, o Sul foi prejudicado pela estiagem. O Centro-Oeste se manteve à frente graças a condições climáticas mais favoráveis.
“Na Região Sul são terras mais antigas e cultivadas há mais tempo e não tem como expandir. A Região Centro-Oeste tem áreas de pastagem que podem ser incorporadas à agricultura”, completou Andreazzi.
Mato Grosso responde por 24,4% da safra nacional, seguido pelo Paraná, com 20,2%, e pelo Rio Grande do Sul, com 15,7%. Goiás (9,5%) e Mato Grosso do Sul (7,1%) completam a lista dos cinco maiores produtores. A Região Sudeste participa com 10,5%, o Nordeste, com 6,5%, e o Norte, com 2,4%.
Edição: Denise Griesinger
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