Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, admitiu hoje (10) que são insuficientes as informações fornecidas pelo governo dos Estados Unidos sobre as denúncias de espionagem de cidadãos brasileiros por agências norte-americanos. O chanceler, porém, descartou eventuais mudanças nas relações entre Brasil e Estados Unidos em decorrência das acusações envolvendo o monitoramento de telefonemas e e-mails de brasileiros.
“[As relações do Brasil com os Estados Unidos] são relações abrangentes. Os Estados Unidos são os nossos segundos parceiros comerciais [depois da China]. Temos diálogo sobre numerosos assuntos”, ressaltou o ministro, após audiência pública na Comissão de Relações Exteriores do Senado, da qual participaram também os ministros José Elito Siqueira (Gabinete de Segurança Institucional) e Celso Amorim (Defesa).
Ao ser perguntado se são suficientes as explicações, prestadas até o momento pelo governo dos Estados Unidos, Patriota respondeu que “não foram satisfatórias até agora”. Ele lembrou também que o governo, em vários setores, investiga as denúncias, verificando a procedência, os quesitos adicionais e identificando pontos específicos “para esclarecimentos adicionais”.
Em reunião ontem com o embaixador dos Estados Unidos, Thomas Shannon, Patriota foi informado por ele que será criada uma equipe de especialistas, em vários setores associados às comunicações, para investigar as denúncias de espionagem. Diplomatas que acompanharam a reunião disseram à Agência Brasil que Shannon disse que está disposto a colaborar com as autoridades brasileiras.
O Ministério das Relações Exteriores, Itamaraty, confirmou que o embaixador norte-americano entregou a Patriota um documento, de uma página, informando sobre a criação do grupo de especialistas e comprometendo-se a colaborar. Antes, o Itamaraty, enviou ao Departamento de Estado norte-americano por intermédio da Embaixada dos Estados Unidos nota cobrando explicações.
No texto, o governo brasileiro pede explicações sobre as “alegadas denúncias de espionagem”. A expressão utilizada pelas autoridades brasileiras não foi contestada pelos norte-americanos. Para especialistas na área internacional, é a demonstração que o governo dos Estados Unidos considera legítima a reação brasileira e levará adiante o processo de apuração dos dados.
Edição: Fábio Massalli
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