Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – A operação que reúne cerca de 500 policiais militares no Complexo da Maré desde a noite de ontem (24) e que registrou até agora nove mortos deixa em pânico parte dos moradores da comunidade, que tem aproximadamente 140 mil moradores. A denúncia é de integrantes da organização não governamental Observatório das Favelas, que tem uma de suas sedes dentro do complexo.
O diretor da ONG, Mario Pires Simão, alertou para a possibilidade de que um confronto de maiores proporções acabe atingindo moradores. “Existe indicação de que algum confronto vai acontecer, o comércio está fechado e a polícia está concentrada na Avenida Brasil. As organizações sociais estão tentando fazer uma frente contra esta ação policial, que de certo modo se pauta pelo enfrentamento”, alertou.
Segundo Simões, uma comissão da Defensoria Pública está acompanhando os moradores dentro da favela. Ele explicou que a comunidade é populosa e o risco de a operação policial atingir inocentes é grande. “São 140 mil moradores, o que dá 30 mil pessoas por quilômetro quadrado. Qualquer ação policial com esse porte carrega risco muito grande de que se atinjam civis”, advertiu.
Ele teme que possa haver o que classificou de “um verdadeiro massacre” contra a comunidade, e por isso disse que está sendo criado um movimento nas redes sociais para se evitar o pior. “Queremos influenciar no sentido de que a polícia não entre com esta força bélica, que acaba provocando muitos feridos e muitas mortes. Essas forças são desproporcionais. O que pode acontecer aqui pode ser um verdadeiro massacre”, denunciou Simão.
Os nove mortos, segundo a polícia, são um integrante do Batalhão de Operações Especiais (Bope), uma pessoa da comunidade e sete suspeitos de envolvimento com o tráfico. A força policial de intervenção no Complexo da Maré inclui integrantes do Bope, do Batalhão de Choque, da Força Nacional de Segurança e do Batalhão de Ação com Cães. Os militares ocupam a favela Nova Holanda desde a madrugada de hoje. O clima é de tensão e o comércio na entrada da comunidade não abriu as portas.
Edição: Davi Oliveira
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