Gilberto Costa
Correspondente da Agência Brasil
Lisboa - Cerca de 75 mil alunos do último ano do ensino secundário de Portugal, equivalente ao ensino médio no Brasil, deveriam fazer hoje as provas de português do exame nacional aplicado pelo Ministério da Educação e da Ciência para avaliar a qualidade do ensino e para que os alunos possam ingressar na universidade.
A aplicação total das provas não está garantida, porém. Os professores portugueses da rede pública de todos os níveis de ensino, da pré-escola até o ensino superior, fazem greve geral hoje e resistem às medidas de austeridade que o governo poderá adotar até setembro para diminuir os gastos públicos com educação.
Diferentementedo Brasil, o ano letivo em Portugal começa no segundo semestre. Os professores lusitanos temem que, até lá, o governo português demita docentes, aumente a carga horária de 35 para 40 horas semanais, obriguem os professores a dar aulas em cidades diferentes e deixem milhares de docentes fora de sala de aula, em regime de mobilidade especial – o que pode obrigar a requalificação profissional, sem garantias de que os professores não serão despedidos no futuro.
O governo português tem como meta, até o próximo ano, demitir 30 mil servidores públicos. Como ocorre no Brasil, a área de educação (juntamente com a da saúde) é a que tem o maior número de funcionários no Estado. O governo português alega que é possível fazer cortes de pessoal na educação e agrupar escolas, pois é cada vez menor o número de crianças em idade escolar – a população de Portugal é uma das que mais envelhecem na Europa.
As duas federações nacionais de professores portugueses criticam o governo e reclamam da intransigência do Ministério da Educação e Ciência em aceitar a remarcação do exame para outra data. Segundo o ministério, seria prejudicial aos alunos reagendar os exames, além de oneroso refazer todas as providências para realizar as provas.
No final do dia, é esperado que haja um balanço da adesão dos professores à greve, e o que governo eventualmente estabeleça uma segunda data de avaliação para os alunos que não puderem fazer prova hoje.
Edição: José Romildo
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