Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Os preços cobrados pelo setor de turismo, considerados elevados em relação a outros países, ainda preocupam as autoridades brasileiras. De acordo com o ministro do Turismo, Gastão Vieira, para que o Brasil aproveite o impulso proporcionado pelos eventos esportivos dos próximos anos e se consolide como importante destino turístico mundial é fundamental que o empresariado se conscientize sobre a importância de cobrar preços justos, especialmente em relação às hospedagens.
“É preciso haver uma conscientização por parte do empresariado, que tem que cobrar um preço justo, padrão, para não afastar o turista. Os jogos têm data para acabar e os estabelecimentos não podem criar a fama de ser caros, porque [o negócio] tem que sobreviver fora dos eventos”, disse hoje (29) ao participar do programa Bom Dia, Ministro, produzido pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República em parceria com a EBC Serviços.
“Cobrar um preço alto para depois negociar um preço mais baixo não me parece ser a melhor prática para quem quer se consolidar como destino turístico”, acrescentou, enfatizando que as ações de conscientização do empresariado serão direcionadas com mais intensidade à Copa do Mundo, quando 600 mil estrangeiros devem visitar o país. Em relação à Copa das Confederações, que começa em 15 de junho próximo, o ministro ressaltou que será um evento “mais de brasileiros”, que deve atrair menor número de turistas de outros países.
De acordo com o ministério, entre os meses de fevereiro e abril, representantes da pasta visitaram as cidades onde haverá jogos dos dois campeonatos para mobilizar o empresariado sobre o assunto.
Em fevereiro, após constatação de aumento abusivo nas diárias dos hotéis, empresários do setor hoteleiro firmaram compromisso com o governo para trabalhar em conjunto, de modo a harmonizar as tarifas. Na ocasião, eles prometeram que não haverá abusos de preços durante as competições esportivas.
O ministro lembrou que os elevados custos associados ao turismo no Brasil, mesmo fora do período de eventos esportivos, poderiam comprometer a meta do Plano Nacional do Turismo, apresentado na última sexta-feira (24), de tornar o país a terceira economia turística do planeta até 2022, ficando atrás apenas da China e dos Estados Unidos. De acordo com o Ministério do Turismo, o Brasil ocupa atualmente a sexta posição no ranking.
Ele destacou, no entanto, que o governo tem uma visão otimista em relação a esse objetivo e aposta no dinamismo da economia brasileira para alcançá-lo. Segundo estimativa da pasta, o setor precisará ter crescimento anual médio de mais de 8% para atingir a meta.
“Claro que os preços podem impedir [o país de atingir a meta do plano], mas o brasileiro está viajando mais para o exterior não só porque a hospedagem lá fora é mais barata, mas também porque paga em dez vezes sem juros sua estadia por lá e a passagem aérea, e ainda porque compra no exterior produtos mais baratos e de melhor qualidade. Mas gosto de pensar positivamente. Há dez anos, quem imaginaria que o Brasil seria líder em agronegócio, em exportação de carne, de soja? É nesse dinamismo da economia brasileira que estamos apostando”, explicou.
Gastão Vieira lembrou ainda que para incentivar essa reversão de tendência e estimular o turismo nacional, é preciso investir em inovação tecnológica na indústria brasileira, para melhorar a qualidade e diminuir os preços dos produtos produzidos e comercializados internamente, além de aumentar a oferta e a competitividade do setor turístico, por exemplo, com a construção de mais hotéis.
O ministro também informou que para fortalecer o turismo doméstico, a presidenta Dilma Rousseff deve lançar, ainda no primeiro semestre deste ano, o Programa de Aceleração do Crescimento - Turismo (PAC Turismo), para financiar a recuperação de construções tradicionais, públicas e privadas, em cerca de 40 cidades históricas.
Ele destacou que o governo fará um “esforço redobrado” para atrair mais profissionais interessados em participar do Programa de Qualificação para a Copa do Mundo (Pronatec Copa), especialmente em São Paulo, onde o número de matrículas ainda é baixo. Vieira não informou, no entanto, os dados da procura que, completou, ainda estão sendo consolidados.
De acordo com o ministro, o pequeno interesse pode estar associado aos salários pagos pelo setor, em geral mais baixos do que poderia ser oferecido caso a mão de obra fosse mais qualificada. Ele enfatizou, no entanto, que no conjunto do país o número de matrículas é “extremamente razoável” e reafirmou que o programa cumprirá a meta de qualificar 240 mil trabalhadores até 2014.
O Pronatec Copa prevê cursos de capacitação profissional presenciais e gratuitos, com duração média de quatro meses, oferecidos nas sedes do Sistema S (Senac, Senai, Sesc, Sesi, Senat) e nos institutos federais de Educação Profissional.
Edição: Graça Adjuto
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