Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Começa no próximo domingo (26), na cidade de Darwin, na Austrália, a World Indigenous Network, primeira conferência mundial que objetiva a promoção da sustentabilidade por meio de práticas e conhecimentos tradicionais de conservação de culturas indígenas e de comunidades locais. O evento é iniciativa do governo australiano e conta com apoio dos governos do Brasil, da Nova Zelândia e da Noruega.
O encontro se estenderá até o dia 31 deste mês. O evento pretende contribuir para a melhor conservação da biodiversidade e para o uso sustentável dos recursos naturais, visando ao aumento das oportunidades econômicas e à redução da pobreza.
Para o consultor da organização não governamental Equipe de Conservação da Amazônia (Ecam) Osvaldo Barassi, um dos representantes brasileiros na conferência, a consequência positiva que ela trará é a formação de uma rede de comunicação futura, pós-congresso. “Aí está a força do congresso: todos os participantes indígenas vão poder contar com uma rede de comunicação daí para a frente”, disse à Agência Brasil.
Barassi estimou que essa rede poderá levar à ampliação da elaboração de políticas voltadas para a sustentabilidade no mundo, na medida em que facilitará a articulação entre os setores público e privado, entre governos e empresas. “É uma oportunidade de todas as organizações que trabalham pelas causas dos temas indígenas e da sustentabilidade ambiental se encontrarem e começarem daí a gerar projetos futuros, contatos”.
Um estudo de caso de treinamento de proteção territorial desenvolvido pela Ecam com tribos indígenas da região amazônica, desde o Amapá até Rondônia, será a base da palestra que Osvaldo Barassi fará na conferência. Ele salientou a importância de mostrar como as comunidades indígenas estão se capacitando para fazer uma proteção efetiva dos seus territórios. Ou seja, como os índios estão se preparando para enfrentar os desafios ambientais, principalmente.
Barassi não tem dúvidas de que a divulgação dessas práticas positivas dos povos indígenas pode contribuir para que elas sejam replicadas por todo o mundo. O treinamento já capacitou como agentes ambientais 190 indígenas de 50 aldeias e de 30 etnias. O projeto pode se estender para outras tribos do país. Capacitação semelhante, para formação de guardas-parque indígenas, existe na Colômbia e na Austrália, por exemplo, informou Barassi.
Ele lamentou que poucos países da América Latina estejam enviando representantes para a conferência da Austrália. “Faltam Argentina, Chile, Peru, Bolívia, que concentram grande população indígena. Ainda é pouco. Mas já é um começo”.
O Brasil será representado ainda por Cristina Timponi Cambiaghi, assessora para Assuntos Internacionais da Fundação Nacional do Índio (Funai), que falará sobre gestão ambiental e territorial como paradigma para o desenvolvimento sustentável dos povos indígenas.
Edição: José Romildo
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