Embaixada dos Estados Unidos aciona FBI para investigar atividades da ONG Limiar

22/05/2013 - 17h14

Luciano Nascimento
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A partir de solicitação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Tráfico de Pessoas, instalada na Câmara dos Deputados, a Embaixada dos Estados Unidos informou aos deputados federais ter acionado o FBI (a Polícia Federal norte-americana) para investigar a atuação da organização não governamental (ONG) Limiar naquele país.

A ONG, que tem escritórios no Brasil e nos Estados Unidos, onde atua no estado do Texas, se diz especializada em adoções de crianças ao redor do mundo. A entidade tem filiais em quatro estados brasileiros. A Embaixada dos Estados Unidos enviou oficio à CPI na última sexta-feira (17) confirmando o atendimento do pedido feito pelos integrantes do colegiado.

“Todas  as investigações que a CPI fez apontam para isso [tráfico de crianças brasileiras para o exterior]. A partir daí, nós solicitamos à embaixada [dos EUA] informações a respeito da operação da Limiar nos Estados Unidos, e o embaixador [Thomas Shannon] nos retornou informando que acionou o FBI para apurar”, disse à Agência Brasil o presidente da CPI do Tráfico de Pessoas, deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA).  

Na terça-feira da semana passada (14), a CPI do Tráfico de Pessoas ouviu o presidente da ONG Limiar Brasil, Ulisses Gonçalves, e Audelino de Souza, agente mediador das adoções entre a ONG brasileira no Paraná e a ONG Limiar dos Estados Unidos.

A Limiar Brasil é acusada de intermediar adoções irregulares de crianças brasileiras por famílias estrangeiras em troca de honorários. As crianças adotadas seriam principalmente filhas de famílias carentes de São João do Triunfo (PR). Foi lá que uma mulher perdeu a guarda dos sete filhos, levados para serem adotados por famílias americanas. O processo foi intermediado por Audelino de Souza.

De acordo com a CPI, além do Paraná, há registros de casos de adoções suspeitas em São Paulo envolvendo a Limiar, o que motivou os deputados a autorizarem a quebra de sigilo bancário, telefônico e fiscal da instituição. A suspeita, ressalta Jordy, é a de que a entidade cobre entre US$ 9 mil e U$ 20 mil por processo de adoção. "Além disso, a ONG não tem o credenciamento das autoridades brasileiras para promover as adoções internacionais", disse o presidente da CPI.

O fato motivou o Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR) a instaurar uma sindicância para apurar as possíveis irregularidades em adoções internacionais feitas no estado. A reportagem da Agência Brasil tentou contato por telefone e e-mail com ONG Limiar, mas até o fechamento da reportagem não obteve resposta.

Edição: Davi Oliveira

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