Monica Yanakiew
Correspondente da Agência Brasil/EBC
Buenos Aires - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, inauguraram em Buenos Aires uma universidade construída pelo Sindicato de Porteiros e Zeladores de Prédios. É a primeira instituição de ensino superior na América Latina criada por uma organização sindical. Nesta sexta-feira (17), Lula recebe, no Congresso, títulos de doutor honoris causa de várias universidades argentinas.
O ex-presidente demonstrou apoio a Cristina Kirchner, em ano eleitoral e em meio a uma guerra do governo argentino com o Grupo Clarín - a maior holding de comunicação do país, dona de jornais, emissoras de rádio e de televisão. "Quero sugerir aos argentinos que não deixem os adversários escreverem a história do que vocês representam para o país", disse.
Ao enumerar os avanços em educação no Brasil nos últimos anos, Lula criticou os “setores conservadores” que, segundo ele, “não entendem o que aconteceu no país na última década, como nunca entenderam o que ocorreu na Argentina entre os anos 1940 e 1950 (na gestão de Juan Domingo Peron, fundador do partido Justicialista ou Peronista) e não compreendem o que está acontecendo agora.”
Em outubro, o país promove eleições para renovar o Congresso, atualmente controlado pelo governo. A oposição continua fragmentada, mas comecou a se unir em torno de algumas bandeiras. Uma delas é impedir que Cristina Kirchner mude a Constituição para disputar um terceiro mandato (proposta feita por alguns de seus correligionários e negada pela presidenta). Outra bandeira é o combate à inflação (que oficialmente é 11% e que, segundo economistas independentes e sindicalistas, será quase 24% este ano).
Em meio à disputa poliíica está o Grupo Clarín, que o governo tentou desmembrar com a Lei de Serviços de Comunicação Audiovisual, conhecida como Lei de Meios, aprovada pelo Congresso em 2009. O texto trata do controle das licenças e da abrangência dos meios de comunicação. O Clarín tem mais que o permitido pela nova legislação e entrou com recurso na Justiça, argumentando que tem direitos adquiridos. Além disso, publicou denúncias de corrupção, que não foram provadas nem oficialmente desmentidas.
Edição: Juliana Andrade e Graça Adjuto
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