Heloisa Cristaldo
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Além do Rio Grande do Sul, outros estados serão investigados para saber se também houve adulteração no leite, informou hoje (8) o Ministério da Agricultura. O foco inicial da operação foi na Região Sul, onde existe a figura do transportador de leite.
A Operação Leite Compen$ado, deflagrada pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS) em parceria com o Ministério da Agricultura, descobriu a adição de ureia para aumentar o volume do leite, considerada fraude inédita no país. Com o aumento, o objetivo era tentar manter as características do leite, neste caso a proteína.
Com o crime, transportadores lucravam 10% a mais do que os 7% já pagos sobre o preço do leite cru, em média R$ 0,95 por litro. O total de leite movimentado pelo grupo, no período de um ano, chega a 100 milhões de litros. Mais de 100 toneladas de ureia foram compradas pelos envolvidos para utilização na prática criminosa.
A operação desarticulou o esquema de adulteração de leite e identificou que cinco empresas de transporte de leite adicionavam ao produto cru, entregue à indústria, a substância que tem formol na composição e é considerada cancerígena pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
De acordo com a coordenadora do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Judi Nóbrega, a investigação mapeou que a fraude não estava sendo praticada pela indústria nem pelo produtor de leite, mas pelo transportador.
“Pelo trabalho que foi feito de investigação, se consegue identificar uma quadrilha, articulada com o único objetivo de obter lucro ilícito. É crime organizado. As indústrias foram vítimas da situação fraudulenta, mas falharam ao controlar o recebimento do leite”, disse. Esse tipo de adulteração é considerada crime hediondo de corrupção de produtos alimentícios, previsto no Código Penal.
Segundo o MP-RS, até o momento, oito pessoas foram presas. Durante o cumprimento dos 13 mandados de busca e apreensão, foram recolhidos diversos caminhões utilizados no transporte do leite, cerca de 60 sacos de ureia, R$ 100 mil em dinheiro, uma régua com a fórmula utilizada para medir a mistura adicionada ao leite, revólveres e pistolas, soda cáustica, corantes, coagulantes líquidos e emulsão para obtenção de consistência, entre outros produtos e documentos.
Segundo a coordenadora, apesar das fraudes, as marcas de leite alvos da adulteração são seguras para o consumo. “Nós tivemos lotes implicados, eles foram feitos recall, mas pode ter ainda em determinado local desse país ofertando esses lotes, que não são seguros. Fora esses lotes implicados, o consumo é seguro”, explicou Judi.
Lotes retirados do mercado pela presença de formaldeído:
Bom Gosto (razão social) - Marca Líder – Tapejara (RS) – SIF 4182
Leite UHT integral
Lote: TAP 1 MB
Goiasminas – Passo Fundo (RS) – SIF 1369
Leite UHT integral
Marca Italac
Lote: L 05 KM3
Leite UHT semidesnatado
Marca Italac
Lote: L 12 KM1
Leite UHT integral
Marca Italac
Lote: L 13 KM3
Leite UHT integral
Marca Italac
Lote: L 18 KM3
Leite UHT integral
Marca Italac
Lote: L 22 KM4
Leite UHT integral
Marca Italac
Lote: L 23 KM1
Vonpar – Viamão (RS) – SIF 1792
Leite UHT integral
Marca Mumu
Lote: 3 ARC
Edição: Carolina Pimentel/Texto atualizado às 15h36, do dia 9 de maio, para esclarecimento de informações no último parágrafo
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