Camila Maciel
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Três dos quatro setores de atividade econômica analisados na Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) tiveram redução de vagas entre fevereiro e março. Os dados, divulgados hoje (24) pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), mostram que a redução foi maior na indústria da transformação, com 103 mil postos de trabalho a menos. Apenas o setor de serviços manteve-se estável, com acréscimo de 1 mil vagas, que foram desconsideradas estatisticamente.
O nível de ocupação no setor de comércio e reparação de veículos reduziu a oferta de vagas em 75 mil postos e o de construção civil em 44 mil. No total, das quatro áreas, foram reduzidas 215 mil vagas. Esses resultados setoriais fizeram com que, na média das seis regiões metropolitanas e do Distrito Federal, a taxa de desemprego se elevasse, passando de 10,4% em fevereiro para os atuais 11%, o que representa alta de 5,5%. Na comparação anual, o acréscimo é de 2,8%.
Para Alexandre Loloian, coordenador de Análise da Pesquisa da Fundação Seade, as taxas são avaliadas como normais, tendo em vista a sazonalidade de março. "O primeiro trimestre sempre é um período que você tem redução do nível de ocupação e o desemprego só não aumenta mais porque também há redução da PEA [População Economicamente Ativa]", explicou. Entre fevereiro e março, a PEA diminuiu 0,4%, passando de 22,163 milhões para 22,076 milhões de pessoas.
O economista avalia que o crescimento do desemprego é justificado diante da atual conjuntura econômica internacional. "Quando o mundo cresce em ritmos diferentes, gera preocupação, porque não indica um crescimento consistente de certos países. [Diante disso,] considerando todos os problemas que a gente tem enfrentado, [o resultado da PED] pode ser considerado positivo", apontou.
Na avaliação por região do país, a taxa de desemprego também cresceu em todas as áreas analisadas. A maior alta foi registrada em Salvador (de 18,6% para 19,7%), seguido por Belo Horizonte (de 6,2% para 7%), São Paulo (de 10,3% para 10,9%), Recife (de 12,9% para 13,5%), Porto Alegre (de 6,2% para 6,5%), Distrito Federal (de 12,8% para 13,3%) e Fortaleza (de 8,5% para 8,9%). Por outro lado, na comparação anual houve redução em São Paulo – onde a taxa em março de 2011 ficou em 11,1%, em Porto Alegre (7,6%) e em Fortaleza (9,6%).
O rendimento médio dos ocupados nas regiões pesquisadas apresentou queda de 0,3%, passando a R$ 1.578. A maior redução ocorreu em Fortaleza, com varição de -3,2%. Na capital cearense, o rendimento passou para R$ 1.014. São Paulo (-0,8%) e Salvador (-0,7%) também registraram decréscimo e passaram a ter ganhos médios de R$ 1.701 e R$ 1.095, respectivamente. Houve elevação em Recife (2,3% de acréscimo, com rendimento médio de R$ 1.143), Porto Alegre (1,4%, com rendimento de R$ 1.628), Distrito Federal (0,4%, com rendimento de R$ 2.315) e Belo Horizonte (0,4%, com rendimento R$ 1.643).
Assim como o Dieese e a Fundação Seade, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga levantamento mensal sobre o desemprego no país. No entanto, as taxas apresentadas nas duas pesquisas costumam ser diferentes devido aos conceitos e metodologias usados.
Entre as diferenças está o conjunto de regiões pesquisadas. A PED, feita pelo Dieese e pela Fundação Seade, não engloba o número de desempregados da região metropolitana do Rio de Janeiro. Na Pesquisa Mensal de Emprego (PME), do IBGE, não está incluída as regiões de Fortaleza e do Distrito Federal.
Edição: Denise Griesinger
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